Vitória da oposição no Chile não tem relação com o Brasil, diz Garcia

23/01/2010 - 10h39

Renata Giraldi
Enviada Especial
La Paz (Bolívia) - O assessor para AssuntosInternacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia,rechaçou a comparação da vitória da oposição no Chile com amesma possibilidade nas eleições brasileiras, em outubro. À Agência Brasil, Garcia afirmou que a comparação é “esdrúxula e sem sentido”.SegundoGarcia, o cenário político e a coalizão de forças partidárias no Brasilsão complemente diferentes dos fatores que influenciaram a disputa presidencial no país vizinho. “É uma comparação que não tem sentidoalgum, é esdrúxula e sem sentido. O que houve no Chile foi uma junçãode fatores. Um deles é que houve três candidatos de esquerda disputandoas eleições”, disse ele, que passou dois dias na Bolívia pararepresentar o governo na posse do presidente reeleito, Evo Morales.Garciase referiu aos candidatos Eduardo Frei (Concertación), que acabouderrotado no segundo turno, o independente Marco Enriquez Ominami eJorge Arrate - estes últimos não passaram do primeiro turno, em dezembro. Frei foi vencido pelo candidato de centro-direita, Miguel Sebastián Piñera (Alianza), no último domingo (17), na eleição mais disputada da história política do Chile.Piñeiravenceu com 51,6% contra 48,3% dados ao candidato governista eex-presidente Frei, que contava com o apoio de Michelle Bachelet. Comoo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bachelet tem a aprovaçãopopular acima de 80%. Porém, não conseguiu fazer seu sucessor noPalácio de Governo. Para o presidente eleito do Chile,governantes com elevada popularidade não transferem votosnecessariamente. “É certo que a presidente Michelle Bachelet é muitopopular e o presidente Lula também. Quando estive com o presidente Lula[no final do ano passado] conversamos sobre isso. Não se pode confundirum presidente com elevada popularidade com a necessidade de mudança[almejada pelo eleitorado]”, disse Piñera, um dia depois da sua vitória.Cauteloso,Piñera evitou comentou sobre política interna brasileira. Mas disseconhecer bem os candidatos de oposição que deverão disputar as eleiçõesem outubro.“Conheço os dois candidatos da oposição no Brasil especialmente o Serra[governador de São Paulo, José Serra, do PSDB] e tenho respeito porambos. Não quero interferir na política interna do Brasil”, disse ele.“Ao que eu saiba a oposição no Brasil ainda não escolheu seu candidato.Mas a oposição no Brasil terá de tomar seu caminho”, afirmou Piñera.No primeiro turno das eleições chilenas, em dezembro,o comando nacional do DEM enviou um grupo de políticos a Santiago paraque acompanhasse as eleições que eram lideradas por Piñera. No entanto,Garcia afirmou que é necessário avaliar que no Chile além de ocorreruma divisão na coalizão da esquerda (Concertación), outros fatoresinternos da política do país vizinho também influenciaram na vitória daoposição.Analistas políticos afirmam que os outros fatores quecontribuíram para a vitória da oposição no Chile são: o desgaste de 20anos da esquerda no poder, a falta de renovação das forças decentro-esquerda e o discurso de Piñera consolidado na necessidade demudança e transformação.