Dez anos depois, “outro mundo ainda é possível”, diz criador do Fórum Social Mundial

23/01/2010 - 23h43

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dez anosdepois da primeira edição do Fórum Social Mundial, em 2001, a propostade “um outro mundo possível”, criada em contraposição ao avanço doneoliberalismo representado pelo Fórum Econômico de Davos ainda éatual. A análise é do empresário Oded Grajew, considerado “pai” do FSM. “Mais do que nunca um outro mundo é possível. Há dez anoso modelo neoliberal estava no auge, o Meném [Carlos Menén,ex-presidente da Argentina] era recebido como modelo a ser seguido.Hoje o quadro político mudou, principalmente na América Latina. Váriosfrequentadores do fórum estão hoje nos governos”, disse em entrevista àAgência Brasil. Em dez anos,na avaliação de Grajew, o fórum conseguiu emplacar ideias que setransformaram em políticas públicas e chegou a apresentar as fórmulaspara que países saíssem da crise financeira internacional. “Váriospaíses que se salvaram da crise seguiram propostas e recomendações do fórum, como o controle do sistemas financeiro e o fortalecimento daeconomia no mercado interno”, citou. O legado do maiorencontro de movimentos sociais do planeta também inclui a criação de“uma sociedade civil global”, que fez o FSM “se espalhar pelo mundo”,segundo Grajew, e garante a atuação da sociedade civil em espaços dedecisão como as reuniões do G-8 e a Conferência da Nações Unidas sobreMudanças Climáticas. Uma década depois da primeira edição,Grajew reconhece que o fórum é visto com menos preconceito pelasociedade, que considerava o encontro esvaziado de propostas concretas.“Quando começou não era levado a sério, era visto com um lugar de genteque só sabe protestar. Hoje é muito mais levado a sério. Não significaque ficou menos revolucionário, as propostas são muito avançadas.”Como enfraquecimento das políticas neoliberais, o fórum tende a concentraras críticas e reflexões em novos temas, principalmente asustentabilidade. “O outro mundo possível se torna cada vez mais urgente. A questão ambiental é uma ameaça. Temos que ter outromodelo de produção, de consumo e outra relação com a natureza”, lista.Segundo Oded Grajew, entre os desafios do FSM para os próximos anostambém está a necessidade de mudanças nos sistemas de financiamentos degovernos. O FSM 10 anos começa na próxima segunda-feira(25) e vai até o dia 29, com cerca de 500 atividades em Porto Alegre eem municípios da região metropolitana da capital gaúcha.  A expectativaé que 30 mil pessoas passem pelo megaevento durante a semana.