Lula defende que países ricos financiem medidas para reduzir a emissão de gases poluentes

19/01/2010 - 21h03

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao inaugurar hoje (19)a primeira termoelétrica do mundo com capacidade de produzir energiaa partir do etanol, opresidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar dos paísesricos que assumam maior responsabilidade para reduzir a emissão degases poluentes que provocam o efeito estufa.Segundo Lula, há duasmaneira de reduzir as emissões de gases poluentes. Uma, disse opresidente, é diminuir o padrão de consumo mundial ou melhorá-lo,com inovação tecnológica. A segunda seria pagar aos países quetêm florestas que as preservem ou subsidiar as naçõessubdesenvolvidas para executarem projetos de reflorestamento parasequestro de carbono.“Isso custa dinheiroe é preciso saber quem vai pagar a conta”, disse Lula, chamando ospaíses ricos à responsabilidade. “É obvio que os países maisricos, países que se desenvolveram mais rapidamente, seindustrializaram ainda no século XIX e, portanto têm,proporcionalmente, uma maior produção de CO2, têm maior obrigaçãode financiar o sequestro de carbono e, ao mesmo tempo, de diminuir asemissões”, discursou.Lula comparou asdiscussões em torno do financiamento das medidas para redução doefeito estufa a um almoço em família em que todos saem na hora depagar a conta. “É como em um almoço em família, que vocêconvida os cunhados, os irmãos, os vizinhos e, quando o garçom traza conta, ela tá salgada. Tem aquele mais esperto que inventa delavar a mão no banheiro na hora que vem a conta e uns que vão e nemvoltam”, brincou Lula.Ao comentar a novatecnologia de produção de energia elétrica a parir do etanol -resultado de uma parceria entre a Petrobras e e multinacional GE -,Lula disse que os países ricos terão que se render à tecnologiabrasileira de fonte renovável.“Penso que todo omundo desenvolvido, quando tiver que assumir o compromisso de cumpriro protocolo de Quioto, de diminuir as emissões de gases de efeitoestufa, vai ter que entrar na questão do etanol como nunca entrou”,disse Lula, acrescentando que o combustível brasileiro, extraído dacana-de-açúcar, é mais viável que o produzido pelosnorte-americanos, fabricado a partir do milho.“Por enquanto, elestratam o etanol como coisa de um país de terceiro mundo, como sefosse uma coisa do Brasil. Mas, agora, vão ter que tratar com muitomais respeito, porque, do ponto de vista tecnológico, da parceriaPetrobras e GE, é como a dobradinha Péle e Coutinho, Dirceu Lopes eTostão, Cerezo e Paulo Izidoro e Zico e Junior”, disse opresidente.No evento em Juiz deFora (MG), Lula afirmou ainda que, em breve, o Brasil apresentará umnovo modelo de hidrelétrica, que usará o conceito das plataformassubmarinas de petróleo.“Logo, logo, vamosapresentar uma novidade para o Brasil, que é a hidrelétrica emplataforma. Vamos utilizar a mesma tecnologia da plataforma daPetrobras, em que a gente vai desmatar a área apenas para produzir ahidrelétrica, depois vai reflorestar tudo outra vez, e ostrabalhadores irão de helicóptero e ficarão 14 dias, como naPetrobras, e depois o helicóptero vai buscar. É para a gente dar oexemplo para o mundo em relação às hidrelétricas”.