Projetos podem ser comprometidos pela falta de engenheiros, adverte especialista

10/01/2010 - 13h21

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A falta de engenheiros no mercado trabalho poderá ser um nó para a execução de projetos importantes com os quais o país se comprometeu para a próxima década como a Olimpíada de 2016 e a Copa do Mundo de 2014.Para o especialista Luiz Carlos Scarvada, vice-reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a vontade política e o empenho do governo brasileiro para trazer esses eventos para o país  precisam ser seguidos de investimento na formação de novos engenheiros. “Esse projetos vão exigir uma quantidade enorme de engenheiros e isso hoje inexiste. A decisão política e a vontade do governo são essenciais, mas sem os engenheiros isso não sai”, defende. Scarvada destaca que esse incentivo deve vir do governo, do setor produtivo, além da sociedade civil. A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) vai lançar uma campanha nas escolas para atrair jovens para a profissão. “A Coréia do Sul é um exemplo. O país se desenvolveu muito recentemente e houve um grande esforço para aumentar o número de engenheiros. Temos que explicar para a população que ser engenheiro é atraente e interessante, mas a cultura brasileira não percebe essa importância”, aponta. Segundo o especialista, o mercado está aquecido e mesmo profissionais que estavam foram da área estão sendo chamados para retornar à profissão por salários mais atraentes do que os de antigamente. Mas ele ressalta que o atual perfil do engenheiro é bem diferente daquela imagem tradicional de um homem usando um capacete em um canteiros de obras. Hoje, a profissão ganha cada vez mais uma função social.“Ninguém imaginava que a engenharia tivesse uma função social, mas quando você olha atualmente isso mudou completamente. Antigamente a visão era de alguém que produz alguma coisa para um mercado, mas sem preocupações ambientais. Hoje isso mudou muito a forma como se faz um projeto”, exemplifica. O especialista aponta que a engenharia está não apenas nas construções, mas também ocupa uma função importante na saúde e na qualidade de vida das pessoas. Ele defende uma formação mais humanística e consciente das necessidades do país. “Uma função [dos engenheiros] é a da infra-estrutura, que não foi feita nesse país. A maioria das casas não tem esgotos ou água tratada”, diz.