Baixa escolaridade é um dos fatores que levam a mulher a interromper amamentação

10/01/2010 - 14h58

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Baixa escolaridade,trabalho informal e falta de um companheiro na fase adulta sãoalguns dos fatores que pesam na hora de uma mulher decidir substituiro aleitamento materno pelo leite artificial nos primeiros meses devida de uma criança. A constatação faz parte deum estudo desenvolvido por pesquisadores da FundaçãoOsvaldo Cruz em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ).De acordo com os estudiosos, mães com menos deoito anos de estudo, ou seja, que não concluíram oEnsino Fundamental, têm uma chance 29% maior de introduzirleite artificial na alimentação do bebê,comparadas com as que terminaram essa etapa dos estudos. Aquelas quecontam com a tranqüilidade de um posto de trabalho formal, comos direitos trabalhistas assegurados, têm 60% menos chances derecorrer a produtos industrializados.Para chegar a essasconclusões, foram avaliadas mais de mil mulheres atendidas em27 unidades básicas de saúde da rede municipal do Riode Janeiro. Entre elas, quase metade (44%) havia introduzido o leiteindustrial durante o período de amamentaçãoexclusiva recomendado pela Organização Mundial de Saúde(OMS), ou seja nos seis primeiros meses de vida.Segundo apesquisadora Roberta Niquini, uma das responsáveis peloestudo, a prática da amamentação estámuito ligada à tranqüilidade da mulher e ao apoio que elarecebe da rede social na qual está inserida.“Mulheresadultas que contam com apoio do companheiro ou aquelas que têmseus direitos garantidos pela CLT [Consolidação dasLeis do Trabalho] têm mais chances de manter o aleitamentoexclusivo nessa fase. Isso também foi observado no casodaquelas mães que têm escolaridade mais alta, ou seja,têm mais facilidade de assimilar as informaçõespassadas por profissionais de saúde ou pelas campanhasgovernamentais e segurança para rejeitar influênciasnegativas de pessoas próximas”, explicou.Foi o queocorreu com a relações públicas ÉrikaLeal Trezzi. Mãe de dois filhos, ela conta que encontrou nomarido o apoio de que necessitava para não recorrer ao leiteindustrializado logo que os filhos nasceram.“Meus doisfilhos nasceram muito magrinhos e a minha mãe, minha sogra eoutros parentes insistiam em me aconselhar a dar leite em póporque, segundo elas, meu leite era fraco e não era suficientepara alimentar meus filhos. Nesse momento, meu marido foi fundamentalpara me ajudar a manter a amamentação”,afirmou.Segundo Érika, mesmo no período em queo filho prematuro permaneceu internado na Unidade de TratamentoIntensivo (UTI) neo-natal, tirava o leite manualmente paraalimentá-lo e estimular as mamas, para que não parassemde produzir leite.