Apoio social é "significativo" para a amamentação, diz especialista

10/01/2010 - 15h03

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O pediatra RenatoLourenço, especialista em aleitamento materno, destaca que oapoio social é um fator condicionante muito significativo naimplementação e manutenção daamamentação.“A família mais próximae as relações de trabalho são peçasfundamentais dentro desse processo. Se eles existirem de formasatisfatória, ajudam a propiciar a amamentaçãopelo tempo preconizado pela Organização Mundial deSaúde”, disse.A nutricionista Rosane Rito, dagerência de Programas de Saúde da Criança daprefeitura do Rio, explica que as mulheres cada vez mais conhecem aimportância da amamentação, mas na hora que oprocesso se dá, na prática, muitos fatores contribuempara o desmame.“Muita gente acredita que pode ter leitefraco ou que o leite não está saindo em quantidadesuficiente e acaba dando uma mamadeira para acalmar o choro do bebê,que pode estar associado a outras causas”, disse.Eladefende que a família participe do pré-natal paragarantir suporte ideal na hora em que as dúvidas surgirem.Rosane informou que no município do Rio as maternidades e amaioria dos postos de saúde da rede públicadisponibilizam orientações específicas sobre aamamentação, oferecendo, em muitos casos, cursos paragestantes que abordam essa questão.A médicaparteira Claudia Orthof lembra que além das iniciativasgovernamentais, existem grupos de apoio no âmbito da sociedadecivil, como o que coordena, chamado Amigas do Peito. Há cercade 30 anos, a organização não governamentalpresta auxílio a mães que tenham dificuldade deamamentar. Entre outras ações, o grupo promove reuniõesperiódicas em que há troca de experiências eorientações sobre a prática doaleitamento.“Muitas mulheres acabam se sentindo culpadaspor não conseguirem amamentar. Com isso, ficam mais ansiosas eo processo torna-se mais difícil. É preciso que elasentendam que a amamentação é um direito nãosó da criança, mas também seu”, destacouClaúdia.Essa angústia foi experimentada peladona de casa Martha Mesquisa, quando começou a amamentar suafilha mais velha, há cinco anos.“O bico do meu seiorachou e eu me senti muito culpada porque sempre ouvi que eu tinha odever de amamentar. Tive que procurar a ajuda de um grupo de mãesque se reunia no posto de saúde próximo à minhacasa”, lembra.Dados do Ministério da Saúderevelam que o panorama de aleitamento materno no Brasil vemmelhorando ao longo dos anos. Segundo a assessora para assuntosrelacionados a aleitamento materno da pasta, Lílian Córdova,o tempo médio de amamentação exclusiva no paíspassou de 23,4 dias para 54,1 dias nos últimos nove anos. Eladestacou os benefícios dessa prática para as crianças,mas também para as mães. “O leite maternocontém todas os nutrientes que as crianças precisam nosseis primeiros meses de vida. Além de proteger o bebê dediversas doenças durante toda a sua vida, como obesidade,diabetes e alguns cânceres, também garante menos chancesàs mães de desenvolverem câncer de mama e aindafavorece uma relação bastante íntima entre ela eo bebê”, diz Lílian.