ONG protesta contra convênio que poderá prejudicar atendimento no Hospital Emílio Ribas

01/12/2009 - 18h05

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Representantes de 120 organizações não governamentais do estado de São Paulo que trabalham e militam contra a discriminação e em apoio aos infectados com HIV realizaram hoje (1º), em frente ao Hospital Emílio Ribas, um ato público em defesa do Instituto de Infectologia do hospital. O Fórum ONG Aids organizou a manifestação para protestar contra convênio firmado com a Fundação Faculdade de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FFM-FMUSP), que permitirá a terceirização das atividades de gestão e de assistência do hospital.Segundo o presidente do Fórum Aids de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, esse convênio pode prejudicar o atendimento aos pacientes de HIV Aids, que atualmente é referência nacional e internacional. Além disso, Pinheiro ressaltou que a proposta ainda não está clara para a ONG e que não houve uma discussão prévia sobre o convênio. “A sociedade civil e entidades ligadas à questão não foram consultadas. Isso não foi discutido com ninguém, veio de cima para baixo”, alegou.Pinheiro disse que um dos temores é o de que com o convênio o pronto atendimento do hospital seja extinto. “Isso é a porta de entrada do Emílio Ribas e é fundamental, porque a pessoa pode ter o atendimento a qualquer momento em qualquer especialidade se estiver passando mal.”Segundo Pinheiro, a ONG já entrou com uma ação no Ministério Público pedindo que a transição do convênio seja acompanhada de perto, além de pedir uma audiência com o órgão para discutir essa questão.O diretor do Hospital Emílio Ribas, David Uip, afirmou que há 40 anos esse convênio é discutido no hospital e a discussão foi retomada para realizar a parceria entre o Instituto e Emílio Ribas, a Faculdade de Medicina da USP, o Hospital das Clínicas e a FFM-USP. “O objetivo é integrar assistência, ensino e pesquisa para melhorar a atenção à população e mais do que isso zelando pelo bem público do cidadão que contribui.”Uip garantiu que não haverá privatização nem terceirização e que o hospital continuará cumprindo as suas atribuições. Ainda segundo ele, não haverá mudanças no atendimento. “Fiz reuniões com todo corpo clínico, distribuí a minuta do convênio para todos os médicos, fiz reuniões com todos os funcionários, discuti com as ONGs, com os sindicatos e com a faculdade de medicina. Isso foi amplamente discutido”, afirmou.O Hospital Emílio Ribas atende mais de 30 mil pacientes por ano. Cerca de 90% dos pacientes, assistidos no Pronto Socorro, são portadores de HIV/AIDS, que recebem assistência ambulatorial prolongada prestada por equipe multidisciplinar de médicos infectologistas e de outras especialidades, enfermeiros, psicólogos, dentistas, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais.Ao todo são 200 leitos distribuídos em sete unidades de internações: cinco de adultos, uma pediátrica e uma de terapia intensiva (UTI). Cerca de 70% dos pacientes internados nessas unidades são pessoas com aids. As unidades de internação são responsáveis por mais de 45% dos leitos destinados a pacientes com aids no município de São Paulo.