Paula Laboissière
Enviada especial
Uruguaiana (RS) - Omunicípio de Uruguaiana, situada no extremo do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina, enfrenta um surto de influenza A(H1N1) – gripe suína. Até o momento, duas pessoas morreramvítimas da doença – um caminhoneiro, que esteve no país vizinho,e uma gestante de nove meses, cujo bebê permanece internado na alade pediatria da Santa Casa de Misericórdia.
Para oprefeito de Uruguaiana, José Francisco Sanchotene Felice, acidade é a principal porta de entrada da gripe suína no Brasil e“deve ser tratada como tal”. Em entrevista à Agência Brasil, ele reclamou da falta de apoio do governoestadual e mesmo federal para a compra de medicamento e equipamento epara a contratação de profissionais na área de saúde.
Feliceavaliou que a doença “ainda tem muitas interrogações”, mas quea procura pelos postos de saúde e pronto-socorros começou adeclinar nos últimos dias. A população, segundo ele, não temretornado para novas consultas, porque tem sido bem orientada, alémdo reforço de médicos e enfermeiras, que passaram a atender tambémem um terceiro turno, a partir das 21h.
No últimodomingo (19), o prefeito decretou situação de emergência, por conta dasituação de gripe suína instalada na cidade. Perguntado se odecreto era mesmo necessário, Felice afirmou “não ter dúvidas”,uma vez que a medida serve para “pressionar” autoridades. “Maselas não gostam de ser pressionadas”, disse, ao completar que odecreto pode, inclusive, ser renovado, caso o cenário da doença emUruguaiana permaneça “preocupante”.
Apesar denão ter antecipado as férias escolares nem optado por fecharcinemas, teatros e cultos religiosos, o prefeito acredita que, pormeio do decreto, conseguiu mais “agilidade” na compra deequipamentos como os respiradores, utilizados em casos onde há oagravamento da gripe suína. “Merecemos uma atenção especialdiante das circunstâncias”, cobrou o prefeito.
O secretário de Saúde de Uruguaiana, Luís Augusto Scheneider,garantiu que a situação é de “tranquilidade”. Segundo ele, 19médicos foram contratados na tentativa de controlar a doença nacidade. Ele lembrou, entretanto, que o município conta com o maiorporto seco da América Latina, por onde circulam mais de 800caminhões todos os dias. Para Scheneider, a principal dificuldade éo esclarecimento á população.
“Ovírus já está entre nós e tem uma letalidade similar ao vírus dainfluenza sazonal [gripecomum]. O que devemosevitar é a procura de maneira desenfreada aos pronto-socorros, ondese formam grandes aglomerações e aí, sim, há um contágio de maiorvolume”, disse o secretário.