Partidos devem se reunir antes do fim do recesso para avaliar novas denúncias contra Sarney

24/07/2009 - 0h13

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Antes mesmo do fim dorecesso parlamentar, alguns partidos devem reunir suas bancadas parafazer uma avaliação sobre a crise no Senado, que envolve opresidente José Sarney (PMDB-AP). Até mesmo o PR, que antes dorecesso mantinha uma posição de apoio ao senador, pode rever suaposição.Até o momento, umarepresentação do P-SOL e quatro denúncias do líder do PSDB,Arthur Virgílio Neto (AM), contra o senador Sarney estão noConselho de Ética para que sejam apreciadas.O senador ExpeditoJúnior (PR-TO) informou à Agência Brasil que tentará conversarainda hoje (24) com o líder João Ribeiro (TO) para que a bancadafaça uma reunião e avalie a situação do presidente do Senadoantes do fim do recesso parlamentar. Já o líder do PDT, Osmar Dias(PR), também pretende convocar uma reunião da bancada para apróxima semana.Para Osmar Dias, asituação política de Sarney ficou insustentável a partir dadivulgação das gravações de conversas telefônicas entre ele e oseu filho, Fernando Sarney, nas quais tratam da contratação donamorado de uma de suas netas para ocupar uma vaga no Senado. O rapazfoi contratado por meio de ato secreto editado pelo entãodiretor-geral, Agaciel Maia.Na reunião da bancadado PDT, Osmar Dias apresentará para deliberação pelo menos trêspontos: manter a postura de afastamento do presidente Sarney;incentivar mecanismos para que o Conselho de Ética decida o maisrápido possível a respeito das denúncias e da representação quejá se encontram no colegiado; e reivindicar que os trabalhos nascomissões permanentes ocorram de forma mais intensa que no primeirosemestre.O líder do DEM, JoséAgripino Maia (RN), vai reunir a bancada na volta do recesso, no dia4, para avaliar a situação política do presidente do Senado. Eledefende que o partido apresente ao Conselho de Ética representaçãocontra Sarney, caso o parlamentar não dê “explicaçãoconvincente” sobre as denúncias. Ainda segundo Agripino, o recessoparlamentar serviu para “aumentar a pressão” pelo afastamento deSarney.No PSDB, a avaliaçãoé semelhante e a tendência deve ser de dar apoio institucional àsiniciativas do líder Arthur Virgílio. “Agora é inevitável. Opartido tem que rever a decisão para acelerar os procedimentos parao julgamento de Sarney”, disse o vice-líder da sigla, Álvaro Dias(PR). Na sua avaliação, a crise ética do Senado tornou-se políticaa partir do recrudescimento das denúncias contra o presidente daCasa.O senador RenatoCasagrande (PSB-ES) informou que conversará com o governador dePernambuco, Eduardo Campos, presidente do partido, para discutir aadoção de uma posição sobre a crise no Senado. “Se os partidostiverem essa posição, o PSB terá que se manifestar”, ressaltou.Um dos defensores doafastamento de Sarney da presidência do Senado, Casagrande consideraque qualquer medida administrativa a ser tomada pelo parlamentar noretorno do recesso não resolverá o problema. “O que resolve éver se ele resiste [às denúncias] até o seu julgamento [peloplenário do Senado].”O senador petistaEduardo Suplicy acredita que a bancada do partido deve manter, navolta do recesso, a decisão de pedir o afastamento temporário deSarney da presidência do Senado, com direito à ampla defesa emrelação às denúncias que o atingem. Em nota à imprensa, Suplicyreafirmou que Sarney deve tormar a iniciativa de comparecer aoConselho de Ética, antes de ser convocado para esclarecer os fatos aele imputados.A Agência Brasil nãoconseguiu falar com os líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL), e doPTB, Gim Argello (DF), ambos aliados do presidente do Senado. Osenador Valdir Raupp (PMDB-RO), em viagem ao interior de Rondônia,considera que a bancada deve se reunir na volta do recesso paraavaliar a situação política da Casa.