Paula Laboissière
Enviada especial
Uruguaiana (RS) - A SantaCasa de Caridade de Uruguaiana, na divisa entre o Rio Grande do Sul ea Argentina, está “no limite”, de acordo com o ginecologistaresponsável pela maternidade no local,Frank Pasearendi. O hospital funciona como centro de referência noatendimento a pacientes com sintomas de influenza A (H1N1) – gripesuína.
Em entrevista à Agência Brasil, ele explicou que a Santa Casa recebe todos pacientes sob suspeita da doençatransferidos pelo pronto-socorro municipal e por postos de saúde. Osplantonistas estão treinados para o atendimento e os casos suspeitossão colocados em isolamento e tratados como sendo de gripe suína,já que a confirmação laboratorial demora cerca de três dias. Aotodo, 20 pessoas estão internadas sob suspeita da doença emUruguaiana, além de duas mortes confirmadas na semana passada.
Apesar daprefeitura garantir uma redução na procura por atendimento médicona cidade, Pasearendi acredita que a população permanece“apreensiva” em relação à doença e que as temperaturaspróxima de zero grau tem colaborado para o aumento das filas centrosde saúde.
Depois damorte de uma gestante de nove meses no último dia 16, o médicomanifestou preocupação em relação ao grupo, considerado pelaOrganização Mundial da Saúde (OMS) como de risco. Duas mulheresgrávidas estão internadas no hospital – uma delas passou por umacesariana e a criança passa bem.
Mesmo comtoda a “remodelação” proposta pela Secretaria de Saúde para aSanta Casa – que incluiu a contratação de 19 profissionais e aabertura de novos setores no hospital – o médico reclama dasdificuldades para conseguir medicamentos que combatam a gripe suína.
O pneumologista e especialista em tratamento intensivo da Santa Casa,Cláudio Crespo, confirmou a insuficiência de remédios para atendera todos os pacientes. Ele alertou ainda que o quadro epidemiológicoverificado em Uruguaiana é diferente, já que a maioria dos casos degripe suína registrada na cidade, segundo ele, é de pacientesjovens e sem nenhuma doença prévia.
“O quetemos visto foge um pouco do que o Ministério da Saúde tem falado.Nossos pacientes graves estão com outro perfil e, por isso, venhoafirmando que quero mais medicamento para os que estão em faseaguda, quando ele realmente tem efeito e impede que as pessoascheguem aqui nas condições que a gente tem visto”, disse Crespo.
Outroproblema, segundo ele, são os respiradores – equipamentosutilizados em casos onde há agravamento do quadro do paciente com adoença. De acordo com a direção da Santa Casa, apenas um novoaparelho foi entregue pelo estado, mas ainda não foi colocado em usoe consta como “emprestado” ao local. “Aqui dentro jáestamos na outra ponta, com os pacientes mais graves chegando compneumonia séria e precisando de UTI e de ventilação”.