Brasil e Argentina vão analisar medidas protecionistas do governo Kirchner

24/07/2009 - 17h44

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil e a Argentina decidiram analisar, em profundidade, arepercussão das medidas protecionistas adotadas pelo governo deCristina Kirchner. O assunto foi tratado hoje (24), em Assunção,pelo presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner,durante encontro à margem da Cúpula de Chefes de Estado doMercosul.“O presidente Lula manifestou preocupação com asnossas exportações para a Argentina, que caíram de maneira muitoacentuada, cerca de 43%”, relatou o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim.Segundo o ministro, Lula disse aCristina que, por meio de acordos com empresas e setores, o governobrasileiro vem se esforçando para limitar as vendas brasileiras paraa Argentina, de forma a não comprometer a indústria do país. “Adespeito desses acordos de limitação, algumas dificuldadesburocráticas continuam”, disse Amorim, referindo-se às crescenteslicenças não automáticas de importação impostas pelo governoargentino, com prazo superior a 60 dias. De acordo comAmorim, Cristina Kirchner procurou demonstrar que poucos produtosestão sendo atingidos e que a redução na entrada de produtosbrasileiros no mercado argentino não se deve, necessariamente, àsrestrições impostas. Os dois presidentes também falaramsobre o imposto sobre bens pessoais, que existe na Argentina, mas nãoé aplicado no Brasil. Para Amorim, isso causa um certodesequilíbrio, o que, às vezes, dificulta um pouco os investimentosde empresas brasileiras lá.” Mais uma vez, Cristina Kirchnerprocurou demonstrar que há muitos investimentos brasileiros no país,inclusive em setores com esse tipo de barreira.Depois de seencontrar com Cristina Kirchner, Lula esteve com o presidente daBolívia, Evo Morales, e acertou para 9 de agosto uma visita àquelepaís. A visita será antes da posse do presidente do Equador, RafaelCorrea, e da Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul),prevista para o dia 10 em Quito. Lula e Morales falaram sobre osprováveis acordos entre os dois países, que tratam definanciamentos para estradas, por exemplo, já negociados, mas aindanão assinados. “[Eles] falaram de assuntos quepodem ser agilizados, como o financiamento de tratores brasileirospara a Bolívia”, informou Amorim. Segundo ele, já foram licitadasvendas no total de US$ 12 milhões, mas os contratos ainda não foramassinados e ainda falta licitação para mais cerca de US$ 20milhões. O ministro mencionou, ainda, interesse brasileirono lítio e no fosfato bolivianos. “Todos esses assuntos foramtratados dentro do espírito de bom relacionamento que temosmantido”, assegurou. Perguntado sobre o clima dedescrédito quanto ao processo de integração regional, dominantenesta cúpula, Amorim disse não acreditar em crise no Mercosul. “Háuma crise financeira no mundo, e isso acaba tornando mais difíciltomar medidas de integração. Não vejo uma crise no Mercosul, háreflexos da crise mundial, que afetou o comércio dentro do bloco.Isso é real”, afirmou Amorim.