Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 40 mil micro e pequenos empreendedores formais e informais do Rio de Janeiro deverãoser atendidos nos próximos anos pelo programa de microcréditoCrediamigo. A experiência, que já existe especialmente no Nordeste, é voltada para o financiamento de grupos de economiasolidária, que se unem para conseguir recursos com o objetivo deestruturar ou ampliar seus pequenos negócios. O convênio que formalizará o Crediamigo no Rio foi assinado hoje (15) de manhã pela prefeitura do Rio e o Banco do Nordeste, responsável pelo programa. Desde março, quando foi implantado no Rio em caráter experimental,o programa concedeu R$ 1 milhão em financiamentos, atendendo a cerca de 500 pessoas. De acordo com o prefeito Eduardo Paes, a expectativa é que sejam concedidosaté o final do próximo ano R$ 50 milhões em empréstimos. O serviço édisponibilizado atualmente em cinco comunidades de baixa renda:Rocinha, Rio das Pedras, Inhoaíba, Maré e Glória.“Essaé uma oportunidade fantástica de oferecer à população recursos para queela caminhe, avance, monte seus negócios e não dependa da ajuda dosgovernos. Queremos ampliar o programa para todo o município até o fimdo ano que vem ”, destacou Paes.A parceria também prevê que aprefeitura invista R$ 70 mil por ano na formação de agentes paradivulgar o programa nas comunidades do Rio.O secretário deDesenvolvimento Econômico Solidário do Rio, Marcelo Henrique da Costa,informou que inicialmente a prefeitura vai disponibilizaraproximadamente 20 espaços em comunidades carentes da cidade para quesejam instaladas agências de oferta de crédito. Segundo ele, as grandesvantagens do programa são o baixo grau de burocracia para obtenção dofinanciamento e a reduzida taxa de inadimplência.“O maisinteressante em tudo isso é que se trata de um processo poucoburocrático. O [empreendedor] informal, que é uma realidade em nossacidade e até hoje estava fora do sistema de crédito, vai poder receber[o financiamento]. Esses recursos são distribuídos entre grupossolidários, em que um integrante é avalista do outro. Isso faz com que oprograma tenha a taxa de inadimplência mais baixa do Brasil, 1,5%, eseja um programa sustentável”, afirmou.Os empréstimos variamentre R$ 100 e R$ 10 mil e podem ser destinados à formação de capitalde giro, compra de máquinas e equipamentos, além da modernização oureforma das instalações do empreendimento. Os juros cobrados vão de1,32% a 3% e o prazo para pagamento pode chegar a 36 meses. Foramessas características que atraíram o grupo de ambulantes coordenado porManoel de Azevedo. Ele e seus companheiros têm barraquinhas de venda debiscoitos e balas na estação ferroviária de Maria da Graça, na zonanorte, e procuraram uma agência do Crediamigo para aumentar o estoque eincrementar as vendas. “Pegamos um crédito de R$ 5 mil para pagar em cinco anos e vamos investir em mercadorias. Se hojevendemos em média R$ 150 por dia, acho que poderemos ganhar mais vendendotodo o estoque em cerca de 15 dias. Isso nos dará um lucro de 100%nesse período”, afirmou Azevedo. Para ele, a lógica associativista torna o processo confiável: “Nós já nos conhecemos e um confia no outro. Estamos juntos e é por isso que a coisa anda.”OCrediamigo é oferecido em todos os estados do Nordeste, em MinasGerais, no Espírito Santo e no Distrito Federal. Nos últimos 12 meses, houve umaexpansão de 56%. Este ano, a expectativa é que sejam abertos mais 72postos de atendimento em todo o país.