Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (22) que é preciso chegar a uma determinada idade para entender a diversidade de pensamentos e visões políticas necessárias para atingir a Presidência da República. Ele discursou durante evento em homenagem ao falecido líder político de esquerda Apolônio de Carvalho e sua esposa, Renée de Carvalho, presente à solenidade, no Consulado da França, no Rio de Janeiro."É preciso chegar aos 60 anos de idade para a gente compreender esse ecletismo que nós temos que ter na política para poder chegar ao poder", afirmou Lula.O presidente recordou as histórias ao lado de Apolônio e lamentou ele não estar vivo para presenciar o momento atual do país. "É uma pena que ele não esteja vivo para ver o que está acontecendo no país. É uma pena que ele morreu no dia 24 de setembro de 2005, um momento não muito feliz para o PT. Um momento não muito feliz para o governo, quando nós fomos vítimas de ataques, que em outros momentos históricos derrubou presidentes, levou presidente a se matar e fragilizou tanto a democracia brasileira", disse se referindo ao escândalo do mensalão.Entre os aprendizados do histórico líder de esquerda, que foi o primeiro filiado do então recém-criado Partido dos Trabalhadores, Lula destacou a serenidade e o equilíbrio político de Apolônio, mesmo em situações adversas."Em momento algum, nós vimos o Apolônio de Carvalho levantar a voz. Ele falava rindo, as coisas que a gente falava gritando. Ele falava com os olhos alegres, aquilo que a gente falava com raiva. As palavras saiam suavemente da boca dele e da nossa saiam com muita aspereza. A vida inteira ele nos ensinou a ter essa tranquilidade, essa postura meiga, doce, sem abrir mão das convicções, das argumentações, daquilo que ele acreditava", afirmou.Durante a cerimônia foi exibido o documentário Vale a Pena Sonhar, de Stela Grisotti e Rudi Böhm, sobre a vida de Apolônio, chamado de Herói de Três Pátrias, pois lutou na Guerra Civil Espanhola, contra o fascimo de Franco, atuou na Resistência Francesa, contra o nazismo de Hitler, e militou na política brasileira, sendo preso e torturado durante o regime militar.