Leandro Martins*
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Depois de atuar comocomandante da Missão das Nações Unidas no Haiti,a Minustah, e levantar questões polêmicas com relaçãoà soberania brasileira na Amazônia e à políticaindigenista do país, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereiratrocará de função mais uma vez, no próximodia 6. Comandante-geralmilitar da Amazônia desde 2007, Heleno ficará, agora, àfrente do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército,sediado em Brasília. No Haiti, ele coordenou militares de 13países, nos anos de 2004 e 2005. No comando militar daAmazônia, entrará o general Luís Carlos GomesMattos. Heleno afasta qualquer possibilidade de retaliaçãoà sua conduta, com a substituição.“Nãohá nenhuma retaliação, como já andaramfalando aí, da minha saída. Eu estou indo para umafunção de general de quatro estrelas, extremamenterelevante. O meu substituto, que é o general Mattos, vaiencontrar aqui um enorme trabalho para fazer e tem todas as condiçõespara fazê-lo, de forma até mais competente do que eufiz”, afirmou.Em abril do anopassado, Heleno criticou o fato do governo transformar a faixa dafronteira norte do país em áreas indígenas. Eletambém classificou a política indigenista do governo de“caótica”.Na época, ogeneral não se mostrou preocupado por estar criticando ogoverno e disse que o Exército serve ao Estado. Hoje, àsvésperas de deixar o posto, ele mais uma vez fala sobre aAmazônia. “A Amazôniabrasileira é Brasil, é nossa, e não tem ninguémque deva ficar dando palpite na Amazônia. Nenhum país nomundo tem a moral para dar palpite em termos de conservaçãoambiental, preservação, não sei o quê”,disparou.O general sempre reclamou por mais investimentosmilitares para a Amazônia, advertindo sobre as dificuldadesenfrentadas pelos soldados que atuam na região.“Completamenteisolados de todas as facilidades, cercados de selva por todos oslados, alguns desses pelotões se valem do aproveitamento deágua da chuva. Ora, nós estamos no século 21.Não é possível que, em um país rico comoo Brasil, nós ainda tenhamos militares submetidos a um enormesacrifício. Temos que investir para resolver esse problema”,observou.Para Heleno, mais que armamentos modernos para defendera Amazônia, o mais importante é o efetivo humano. “Agrande arma nossa na Amazônia é dispor do melhorcombatente de selva do mundo. Cerca de 60% [dos militares queservem na região] são de origem indígena.Eles conhecem profundamente a selva e aproveitam a selva comoninguém”, disse.Acostumado à rotina militar,sempre pautada por transferências e mudanças de cargo,Heleno não esconde que sentirá falta da funçãoque desempenha. “Vou deixando uma boa parte do meu coraçãoaqui na Amazônia, vivi intensamente o meu comando aqui, sintoaquela frustração de não ter feito tudo o que euqueria.”Mas o general se adianta em falar da importânciado Departamento de Ciência e Tecnologia, que comandará apartir do dia 6. “Hoje não se pode falar em combate, emações bélicas, sem nos reportarmos a um altograu de ciência e tecnologia que envolve todos os equipamentos.Então, esse departamento é muito importante, porque elecuida de toda a parte de comando e controle”, explicou.SegundoHeleno, essa é a 24ª troca de função pelaqual ele passa na carreira militar.