Presidente da Vale diz que recuperação nas vendas afasta possibilidade de mais demissões

28/03/2009 - 1h00

Nielmar de Oliveira*
Repórter da Agência Brasil
Maputo - O presidente da Companhia Vale do Rio Doce (Vale), RogerAgnelli, disse ontem (27), na capital de Moçambique,que a empresa já começa a ver sinais de melhora nas vendas e que, em função da expectativa de um segundosemestre melhor, não pretende demitir mais trabalhadores.Segundo ele, a empresa “pode agüentar um pouco mais” até a crise econômica financeira mundialpassar. Agnelli participou do lançamento da pedra fundamental do projetoCarvão Matize, cujas obras estão sendo iniciadas na província de Tete. Ele contestou as informações de que a empresa vem demitindo funcionários,uma vez que fechou o ano com um saldo líquido de contratações de cerca de cincomil trabalhadores. No dia 22 de janeiro, a Agência Brasil divulgou que a Vale demitiu, em dezembro, 1,3 mil empregados em todo o mundo e concedeu férias coletivas para 5,5 mil funcionários. Na ocasião, Agnelli afirmou que não teria como garantir a permanência de todos os empregados até o fim do ano.“A Vale não demitiu em 2008, pelo contrário, fechou o anocom um saldo líquido de contratação de mais cinco mil trabalhadores. E euespero que, em 2009, a gente venha também a contratar mais ainda”, afirmou o presidente da empresa. Segundo Agnelli, a companhia continua investindo ecrescendo, tem projetos para entrar em operação ainda este ano, o queexigirá a contratação de novos empregados ou o remanejamento de outros queatualmente estão em férias coletivas ou gozando de férias acumuladas.Na avaliação do presidente da mineradora, quanto mais tempoa empresa conseguir manter seus empregados melhor para a companhia, embora admitaque esteja ainda trabalhando em um nível de produção muito aquém de suaspossibilidades.Para ele, não adianta manter a produção ou abaixar os preçosde seus produtos porque está faltando demanda. “E preço não se regula em ummercado onde não há demanda. A única forma de enfrentar uma crise como esta é seadequando à demanda”, observou.Agnelli defendeu, inclusive, que as empresas como um todo, flexibilizem suas ações com relação aos funcionários porque, mesmo na crise, é ainda pior a situação de ter que demitir um funcionário, para ter que recontratá-lo daqui a dois outrês meses. “É um prejuízo enorme, tanto para a empresa como para o empregado”, disse.Mesmo se dizendo otimista em relacão à possibilidade de queo setor siderúrgico como um todo comece a mostrar sinais de recuperação apartir do segundo semestre, Agnelli admitiu, no entanto, que, em caso de agravamento dasituação econômica mundial - e de uma retração ainda maior da demanda pelosprodutos – a Vale terá que demitir empregados para fazer ajustes internos.“Não temos a intenção de demitir e estamos conseguindo istojá há sete meses. Podemos agüentar um pouco mais. Agora, se a crise realmente seaprofundar mais ainda outros ajustes terão que ser feitos.” Neste caso, segundo ele, demissões poderão ocorrer. “É possívelsim (que haja demissões), mas não éprovável. Nós não estamos querendo demitir, não vamos demitir e estamostocando nossas vidas quietinhos e sem problemas.”  Agnelli ressaltou ressaltou queo setor siderúrgico foi o primeiro a sentir os efeitos da crise financeiramundial. “Eu tenho uma visão otimista ainda em relação ao ano de 2009,pelo menos no nosso setor, que deverá ser também o primeiro asair dela”. O presidente da Vale informou que a empresa já vem vendendomais para os chineses, com crescimento nas vendas de 30% nos meses de janeiro efevereiro, um recorde na relação comercial com o país. Para os mercadosbrasileiro e europeu, porém, Agnelli afirmou que as vendas continuam ruins. Ele disse que a Vale continuará avançando sua participação naÁfrica onde já atua em países como o Congo, Zâmbia, a Namíbia, Angola, GuinéBissau, o Egito, a Mauritânia e África do Sul.“Nós continuaremos a avançar nossos investimentos na África porqueachamos vantajoso. São mais de 250 mil quilômetros [quadrados] de área onde estamosexplorando e onde continuaremos a expandir nossos investimentos”.