Crise não atrapalha crescimento da indústria nacional de jogos eletrônicos

27/02/2009 - 17h36

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em plena crise mundial, a indústria brasileira de jogos eletrônicos está em franca ascensão. Em 2008, houve um crescimento de 31% na área desoftware e 8% na parte de hardware (parte física deum computador e de seus periféricos). “A tendência éque continue a crescer e se fortaleça. A expectativa éque essa curva esteja subindo”, afirma o presidente da  Associação Brasileira deDesenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), WinstonPetty. Segundo Petty, a crise externa não estáafetando a indústria de jogos eletrônicos e que omomento deve ser aproveitado pelo país para ampliar suaprodução. “Em momentos de crise financeira, aumenta oconsumo de entretenimento, porque as pessoas passam a gastar menos,buscam opções mais caseiras. A crise estáafetando a indústria de forma positiva.”O número de empresas do setor deverácrescer de 42 para 50 neste primeiro semestre, prevê o presidente da Abragames. De acordo com a entidade, 43,3% da produção nacional desoftware para games são exportados, e 100% do hardware ficam no mercado nacional. Osmaiores compradores de jogos brasileirossão a Europa, sobrtetudo a Alemanha, e os EstadosUnidos. O game nacional apresenta várias versões:entretenimento; mercado publicitário; treinamento e educação;e eventos.O diretor de RelaçõesPúblicas da Abragames, AndréPenha,ressalta que a participação brasileira na produção mundial ainda é pequena e representa 0,16% do total. É uma parcela inferior a participação nacional de 1,7% a 1,8% no mercado mundial de softwares (programas decomputador).“A gente tem capacidade, por ser mídia e porser software, e por saber fazer as duas coisas, de produzirisso aqui dentro, e tem um terreno enorme para crescer pela frente”, diz Penha, acrescentando que o Brasil deve fortalecer o mercado internode games, para “multiplicar essa indústria por deznos próximos anos”.Segundo Penha, existe no Brasil uma concorrência do produto pirateado e da chamada“importação cinza”, referente ao produto originalque é trazido do exterior sem nota fiscal. “Isso nãogera dinheiro para o mercado, não paga imposto, nãofortalece a indústria brasileira. Fortalece o contrabandista.Isso é ruim.”

WinstonPetty avalia que ocorreu uma grande evolução da indústriabrasileira de games nos últimos anos, apesar do setorainda se encontrar em estágio embrionário em relaçãoao resto do mundo. O salário médio de um profissional é hoje e R$ 2.272,71. Para ele, esse valor está abaixo do ideal, mas “reflete o estado decrescimento da indústria brasileira”. 

O setor gera cerca de560 empregos. Embora o número seja reduzido, o diretor daAbragames, André Penha, informou que a indústria produzum Produto Interno Bruto (PIB) per capita (por habitante) expressivo,que alcança em torno de R$ 160 mil/ano. “É bastanterazoável como indústria de tecnologia”.

Segundo o presidente daAbragames, a indústria ainda precisa de apoiogovernamental. O governo incentiva o setor por meio de açõesdos Ministérios da Cultura e do Desenvolvimento, “apesar deem outros países haver suporte bem mais estruturado,especialmente na questão de recursos alocados. O investimentonesse mercado é muito agressivo porque movimenta muitodinheiro. E o Brasil ainda está fora disso”, disse.