Marco Antonio Soalheiro
Enviado Especial
Ouro Preto (MG) - As delícias dapesada culinária mineira estão disponíveis emmuitos restaurantes de Ouro Preto, mas, por falta dinheiro ou pelacomodidade de não sair das repúblicas estudantis, amaioria dos foliões opta por uma alimentaçãomais simples nos dias de carnaval.“A maioria estáaqui é para beber e come mais nas barraquinhas. Um pãocom qualquer coisa dentro já está valendo”, disse aestudante de Belo Horizonte Cíntia Juliana, 23 anos. Asbarracas de cachorro quente, sanduíche, churrasquinho emacarrão na chapa estão espalhadas pelas principaisladeiras da cidade histórica, patrimônio cultural dahumanidade.Solange Araújo,33 anos, está vendendo mais de 100cachorros quentes e número igual de churrasquinhos por dia,por R$ 2,50 cada. A procura intensa é boa, mas tambémrende seus contratempos.“Apareceu aqui umestudante que queria um churrasquinho de graça, dizendo quenão tinha mais dinheiro porque gastou tudo comprando abadá.Ele insistiu tanto que dei um para ele, com a promessa de que eletraria mais fregueses para mim. E pior que ainda reclamou que acarne tava dura”, contou a bem-humorada Solange.A percepçãode que comer bem não é prioridade dos turistas ficaclara quando se observa o fraco movimento em um dos melhoresrestaurantes de comida mineira de Ouro Preto, que cobra R$ 31 parao cliente se servir à vontade e inclui a sobremesa. Nocardápio, canjiquinha com costelinha, feijão comlingüiça e costela, frango ao molho pardo, frango comquiabo, doce de mamão, goiabada cascão e umacachacinha, que tem fama de afrodisíaca, para abrir o apetite. Segundo o proprietário, Vicente Trópia, 90% de suaclientela é composta de turistas, mas não aqueles que invadem acidade no carnaval.“Hoje [sábadode carnaval] eu não vendo o equivalente nema 5 abadás do bloco da República Necrotério [que custam em média R$ 150]”, disse.Durante o ano, muitosestrangeiros que visitam a cidade com interesses culturais marcampresença no bem-decorado estabelecimento. “Elesexperimentam de tudo. O fato de a culinária mineira ser muitorica foi o que motivou a colocá-la num bufê."Outro fator queinfluencia a baixa procura pelos restaurantes são as comidasservidas dentro das próprias repúblicas, incluídasno pacote servido aos foliões. O cardápio da RepúblicaCasa Blanca, por exemplo, é preparado para garantir aosfoliões muita força para não se abaterem nem com adança nem com o consumo de bebidas alcoólicas. Nocomando do fogão, Zilda Conceição, 45 anos,recebia seguidos elogios pelo consistente e saboroso caldo demandioca com carnes preparado.“É forte. Dámuita sustância. Ponho mandioca, tomate, calabresa, carne secae cheiro verde. E amor em primeiro lugar”, disse Zilda.“Um delícia.Tá doido!”, resumiu Pepino, 26 anos, hóspede darepública que saiu de São Bernardo do Campo (SP) para curtir o carnavalde Ouro Preto. Também são comuns na república oschurrascos com arroz e vinagrete.Nos bares háoutras opções como os pratos-feitos [arroz, feijão,salada e carne] por R$ 4, pequenas marmitas de espagueti por R$3, e o mexidão, recomendado por Danilo Araújo, 15anos, a quem quer mais energia. “Sustenta mais que macarrão.Mistura arroz, feijão, farinha, ovo e lingüiça.”