Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A prefeitura não permite, mas os ambulantes garantem que vão correr atrás de blocos neste carnaval. Hoje (20), vários vendedores preparam os carrinhos com isopores cheios de bebidas nas ruas do centro, esperando a passagem de milhares de pessoas em dois tradicionais blocos. A folia começa ao final da tarde e não tem hora para acabar.A expectativa de José Manuel* é faturar até R$ 2 mil. Ele disse que, com a repressão da prefeitura, o trabalho tem sido difícil. “Vou tentar recuperar esses dias e me divertir porque ninguém é de ferro”. Outro ambulante, Paulo Fonseca*, que é porteiro em um prédio da zona sul, não espera faturar tanto, mas aumentar a renda um pouco. “Isso [trabalhar como ambulante] vale só no carnaval”, disse.Segundo a Secretaria de Ordem Pública, não há licenças para ambulantes nos blocos pela cidade. Eles foram autorizados a trabalhar apenas no Sambódromo e redondezas, mediante acerto com a prefeitura. Nos demais locais, os que se arriscarem podem ser retirados e ter a mercadoria apreendida.A secretaria, que apreendeu mais de 33 toneladas de alimentos e bebidas em janeiro, informa que não vai reforçar a fiscalização contra os vendedores de rua no carnaval, para não provocar tumulto e prejudicar os foliões. Mesmo assim, diz que vai atuar nos blocos com fiscais e com a Guarda Municipal.A Associação Independente de Blocos da Zona Sul e Centro (Sebastiana), congregação que reúne 12 blocos, quer evitar confusão. Como sabe que terá de conviver com os ambulantes, a entidade sugere que os músicos, antes de iniciarem as apresentações, peçam para que os vendedores fiquem fora do bloco, mantendo-se ao lado ou atrás dos foliões.“Não é que não queremos ambulantes. Eles são importantes para animar a festa. Mas pedimos o cuidado de não tumultuarem a passagem do bloco, ficando à frente do carro de som ou embaixo do bloco”, afirma Nei Barbosa, do Bloco Barbas e um dos dirigentes da associação.A estudante Mariana Flores, que pretende passar o carnaval no Rio, acha que os ambulantes atrapalham “um pouco”. Porém, ela lembra que a cerveja vendida por eles é mais barata do que a comprada em bares. “Sabe como é, não para ficar sem eles”, afirma.