Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dos setores que mais contrataram em 2008 foi o das indústrias de máquinas e equipamentos. Segundo os indicadores publicados em dezembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o segmento ampliou em 10,5% o número de vagas ao longo do ano passado. Mas ao que parece o quadro poderá ser revertido em 2009. Pelo menos é o que aponta a sondagem publicada ontem (20) pela CNI. Segundo ela, 45% das empresas pretendem reduzir as compras de máquinas e equipamentos neste ano. Também ontem o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, convocou uma entrevista coletiva para alertar: caso os resultados negativos de janeiro se mantenham por mais dois meses, 50 mil postos de trabalho poderão ser cortados até julho deste ano. Entre novembro e dezembro de 2008, o setor já havia diminuído em 2,3% o número de vagas – números anunciados pelos indicadores industriais de dezembro, da CNI. Apesar disso, os indicadores apontaram que o saldo de contratações do setor ao longo do ano foi o segundo maior entre todos os 19 segmentos analisados, perdendo apenas para o de “outros equipamentos de transportes”, com 17,4%. “Entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, o faturamento consolidado de segmentos do setor de máquinas e equipamentos despencou em 38%. Não tenho a menor dúvida de que a situação vai piorar, porque uma queda dessa magnitude não nos dá condição para soluções paliativas, como férias coletivas”, adverte o vice-presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza.“Vínhamos há seis anos num ritmo de crescimento ininterrupto em geração de emprego. O auge foi em outubro de 2008, com 250 mil de empregados diretos”, disse Pastoriza. Ele lembra que o setor representado pela Abimaq “é um dos que tem mão-de-obra mais qualificada e bem paga, até pela complexidade da fabricação de elementos, como robótica, microeletrônica, usinagem de precisão, informática”.Segundo o dirigente, em novembro o setor diminuiu em três mil postos o saldo de empregados; em dezembro foram outros quatro mil; e, no primeiro mês de 2009, mil. “Janeiro é um mês atípico, porque é período de férias coletivas”, explica. “Se a coisa continuar assim, facilmente chegaremos aos 50 mil anunciados na coletiva de ontem”, completa.“O que temos pedido ao governo, para aliviar a situação, é a desoneração total para os setores que não demitirem pelo período de quatro meses. Isso equivaleria a 20% de desconto na média do preço final dos nossos produtos. Não se trata de renúncia fiscal, poque o governo já devolve esses impostos ao comprador de máquinas no prazo de até 48 meses”, argumenta Pastoriza. “Não é nos beneficiar. É beneficiar o nosso comprador”, completa. Os impostos a que ele se refere são o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI).