Sindicalistas tentam encontro com Lula para pedir readmissão na Embraer

20/02/2009 - 18h53

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dois representantes de movimentos sindicais deSão José dos Campos (SP) estiveram hoje (20) à tarde no Palácio do Planalto, natentativa de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,para pedir que ele intervenha na demissão dos 4,2 mil trabalhadoresanunciada ontem pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer).“Queremos que o governointervenha imediatamente, que o governo chame a Embraer para readmitiros trabalhadores. Tem muito dinheiro público do BNDES [Banco doDesenvolvimento Econômico e Social] na Embraer”, disse osecretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos,Luiz Carlos Prates, ao chegar ao Planalto, acompanhado do presidente dosindicato, Adilson dos Santos.Na avaliação de Prates é possíveldiscutir medidas alternativas, que evitem as demissões. “A Embraer é aempresa que tem maior jornada entre as indústrias aeronáuticas de todoo mundo. É possível reduzir a jornada para 40 horas, sem haver reduçãode salários, é possível outras alternativas, é possível dar licençaremunerada, outras medidas que não a demissão”, explicou.Opresidente do sindicato, Adilson Prates, não descartou a possibilidadede paralisação dos trabalhadores caso as demissões não sejam revistas.“Se uma medida não vier, aí vamos ter que mobilizar os trabalhadores e parar a Embraer”.Pornão terem marcado horário previamente com Lula, os sindicalistas foramrecebidos apenas por um assessor da Presidência. Segundos ossindicalistas, uma reunião foi pré-agendada para a próxima semana. “Senão formos atendidos vamos voltar a Brasília com uma caravana detrabalhadores”, afirmou Luiz Prates.A Embraer demitiu ontem(19), 4,2 mil trabalhadores, a maioria deles da fábrica localizada emSão José dos Campos (SP). As demissões equivalem a 20% do efetivo doscerca de 21 mil trabalhadores da empresa. A justificativa daEmbraer é a de que as exportações, que são responsáveis por 90% dasreceitas da empresa, estão sendo afetadas pela crise financeirainternacional.Um comunicado divulgado pela empresa afirma quea crise tornou “inevitável efetivar uma revisão de sua base de custos ede seu efetivo de pessoal, adequando-os à nova realidade de demanda poraeronaves comerciais e executivas”.Ainda ontem, após o anúnciodas demissões, sindicalistas já se reuniram com o presidente Lula econtaram que ele manifestou desacordo com as dispensas e afirmou queirá chamar representantes da empresa para uma conversa.AEmbraer é uma das maiores fabricantes de aviões de mundo. Já produziu4.995 aeronaves, que hoje operam em 78 países nos cincocontinentes e tem projetos financiados com recursos públicos do BNDES. A Embraer foi criadacomo empresa estatal e anos depois, privatizada.