Sambistas estrangeiros participam de encontro internacional sobre o carnaval carioca

20/02/2009 - 18h08

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O carnaval é tempo de festa ede alegria, mas serve também de espaço para ocongraçamento de povos de todo o mundo e para a disseminaçãocultural do Brasil. Essa é a avaliação doprofessor Jair Martins de Miranda, da Universidade do Rio de Janeiro(Unirio). Idealizador do projeto Samba Global, ele realiza a partirde hoje (20), o 4º EncontroInternacional do Samba-Rio Carnaval 2009.

Movido por sua paixãopelo samba, Miranda iniciou em 1996 aulas de percussão que seestenderam até o ano 2000 e conquistaram estrangeirosentusiasmados com o carnaval, dando origem ao bloco Tem Gringo noSamba. “Por conta desse bloco, eu tive contato com pessoas quereproduzem o carnaval brasileiro no exterior”, disse àAgência Brasil.

Nos últimosquatro anos, o professor viajou pelo mundo, onde catalogou cerca de900 grupos estrangeiros inspirados no carnaval carioca. O mais antigodeles, com 15 anos de existência, é o de Helsinque, naFinlândia, onde existem cinco escolas de samba em atividade.

Em Nothing Hill, naInglaterra, as escolas de samba London School of Samba, Quilombo eParaíso Samba School costumam levar dois milhões depessoas para as ruas. Também no Japão, o professor doCentro de Ciências Humanas da Unirio verificou a existênciade pelo menos 20 grupos, entre escolas de samba e blocos, quereproduzem o carnaval brasileiro.

O projeto adquiriuainda um aspecto mais acadêmico no que se refere àglobalização do samba e à cultura. E começoua reunir no Rio de Janeiro, no período do carnaval, osestrangeiros que amam o samba para um intercâmbio com sambistasbrasileiros. “E também prospectar a extensão do nossosamba para fora do país, que é muito maior do que agente imagina”, afirmou Miranda.

Além do ladocultural, o projeto Samba Global representa uma atraçãoturística para o Brasil. “Já que o samba évinculado à nossa identidade cultural, ele tambémagrega valor a muitos outros produtos que não são,necessariamente, produtos culturais”, disse.

O 4º EncontroInternacional do Samba-Rio Carnaval 2009 foi aberto simbolicamente natarde de hoje (20), na Cidade do Samba. A programaçãoprossegue até o dia 28 deste mês noObservatório do Samba, no Centro de Ciências das Artesda Unirio, no bairro da Urca, reunindo pesquisadores, antropólogose sociólogos para debates sobre o samba e o carnaval.

Participam do eventopessoas ligadas ao samba, que dão depoimentos sobre ocarnaval brasileiro. As conversas são transmitidas pela internet,por meio de vídeo-conferência,  para facilitar oacesso aos debates de pessoas fora da Cidade do Samba.

O projeto Samba Globaltem um programa de extensão chamado Memorável Samba,cujo objetivo é resgatar a memória coletiva do sambabrasileiro. “Os depoimentos são gravados e nós temosa intenção de construir esse acervo de instituiçõese de pessoas que falam de samba no Rio de Janeiro”. O programa játem um site na internet (memoravelsamba.com.br), quevai referenciar acervos de várias instituiçõespara complementar a memória do samba no país.

Jair Miranda disseainda que não há, de modo geral, uma preocupaçãocom o aspecto da preservação da memória nasescolas de samba. “Eles gastam em média, R$ 5 milhõesno carnaval. E quando acaba o carnaval, eles ficam quase sem registronenhum”. Segundo o professor, o projeto desenvolvido na Unirio temo objetivo de resgatar esse patrimônio. “É um trabalhode convencimento dessas pessoas a pensarem esse patrimôniomundial tentando registrar seus acervos e seus bens materiais queeles produzirem em vida”.