Luciana Lima
Enviada Especial
Salvador - A briga entre o PT e o PMDB, que se acirrou no segundo turnodas eleições para a prefeitura de Salvador, vem se refletindo no carnaval. Osintegrantes da Mudança do Garcia, bloco formado por sindicalistas e partidospolíticos, principalmente o PT, além de integrantes de movimentos sociais,estão às turras com a administração peemedebista da capital baiana, porque foramproibidos de usar carros de som, mini-trios ou trios elétricos. A disputa no segundo turno das eleições no ano passado sedeu entre João Henrique Carneiro (PMDB), atual prefeito reeleito, e o candidato do PT,Walter Pinheiro.A Mudança do Garcia se caracteriza principalmente pelasátira política e tem o hábito de “invadir” o circuito oficial do carnavalbaiano no Campo Grande e “atrasar” o desfile dos blocos cadastrados pelaprefeitura. “Quando o PT estava na administração, isso ocorreu sembriga, com o maior bom humor e foi ótimo”, destacou o deputado federal LuizAlberto (PT) que, desde o final da década de 1960, desfila no bloco. “O queestão fazendo é uma censura política”, disse o deputado.Cláudio Tinoco, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), ligada à administração municipal, retrucou: “Mas tudo nessaterra se transforma em política!”Ele alega que a proibição da utilização dos carros de sompara a Mudança do Garcia foi tomada de maneira conjunta pelo Conselho Municipaldo Carnaval. “O conselho decidiu isso porque vários grupos políticos usavam aMudança do Garcia para se promover, para aparecer. São pequenas agremiações,blocos pequenos que se infiltram. Não podemos permitir que essas agremiaçõesutilizem, de forma desordenada, a Mudança do Garcia”, justificou Tinoco.O presidente da Saltur ainda fez questão de destacar que aempresa apóia a Mudança do Garcia, tanto que incluiu o bloco, nesse ano, nocircuito oficial do carnaval. “Demos R$ 30 mil para o bloco”, disse ele.Mas os integrantes do bloco sustentam que dar voz a quem nãotem é a principal característica da Mudança do Garcia e garantem que vão levaro carro de som para o Campo Grande. “Tirar o som da Mudança do Garcia é calar avoz do bloco, é limitar”, disse Wellington Fera, componente do bloco e membroda diretoria. “Vamos fazer o arrastão na segunda-feira. Primeiro entram ascarroças, os cavaleiros, depois as baianas e as fanfarras e depois todas asentidades, que costumam desfilar no Garcia com seus mini-trios”, informou ointegrante do bloco que desfila durante o dia, toda segunda-feira de carnaval.A expectativa dos organizadores e das várias comunidadesenvolvidas com o bloco é que cerca de 20 mil pessoas desfilem na Mudança doGarcia. Trata-se do maior bloco de rua de Salvador. O bloco surgiu nos anos 1940e, originalmente, era composto somente por moradores do bairro Garcia. Depois,outros movimentos foram se juntando, além de pessoas de outros bairros.