Índios denunciam Funasa por descaso em relação à epidemia de hepatite

31/01/2009 - 12h59

Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém (PA) - Um grupo de 30 índiosdo Vale do Javari, no Amazonas, invadiu uma das tendas de debate doFórum Social Mundial (FSM) para protestar contra a morte deindígenas por hepatite nas tribos da região e denunciara falta de solução por parte da FundaçãoNacional do Índio (Funasa) e do Ministério da Saúde.O grupo interrompeu umdebate da Fundação Perseu Abramo, na tenda Cuba 50anos, e subiu ao palco para denunciar o surto da doença, que,segundo as lideranças, atinge seis etnias desde a décadade 80. “Queremos chamar a atenção porque estamosmorrendo e se ninguém tomar providências esses povosserão extintos em 20 ou 30 anos”, afirmou o líderJorge Marubo. De acordo com Marubo, ahepatite já matou mais de cem índios do Vale do Javarie o número de mortes pode ser ainda maior porque a hepatitefacilita o contágio por outras doenças, como a malária.“Estamos morrendoinclusive durante o Fórum Social Mundial. Estamos de lutoainda porque segunda-feira, um dia antes do Fórum começar,perdemos o líder Edilson Canamari, que morreu vomitandosangue”, relatou, após o protesto.O cacique Waki Mayorunacriticou a atuação da Funai e da FundaçãoNacional de Saúde, ligada ao Ministério da Justiça,e pediu apoio da organização Médicos SemFronteiras para conter o avanço da doença nas tribos daregião.“Nenhum de vocêsquerem ver seus filhos e netos morrendo. Nós tambémnão. A Funasa está acabando com os índios”.Cerca de quatro milíndios vivem no Vale do Javari em mais de 50 comunidades. Aárea fica na fronteira entre Brasil e Peru.