Indústria têxtil quer exportar roupas de ginástica para o norte da África

01/02/2009 - 0h05

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A indústria têxtil brasileira quer levar mercadorias para o norte da África, com a marca Brasil, por considerar que essa forma de atuaçãoé a mais agressiva na disputa de mercado com produtos da Europa e dosEstados Unidos. Na missão comercial que visitou aLíbia, Argélia, Tunísia e Marrocos na última semana, o setor têxtil esteve representado por um fabricante deroupas para ginástica (fitness). A Bia Brazil, que já exporta 90% desua produção para mais de 30 países e é a quinta noranking de vendas nos Estados Unidos, inicia agora o desafio de chegara países onde praticamente toda a população tem a religião muçulmana eainda não despertou para a cultura do corpo.A proprietária da marca, Beatriz Wilhelm Dockhorn, diz ter consciênciada dificuldade de vender calças, shorts e tops que modelam a silhuetafeminina em países em que as mulheres são obrigadas a usar roupaslongas e largas e lenços na cabeça. No entanto, ela voltou otimista como resultado dos contatos feitos nos quatro países visitados.“Não hágrandes academias de ginástica nesses quatro países, com exceção dacidade de Casablanca, no Marrocos. Isso não significa que as pessoasnão façam exercícios físicos. Mesmo na Líbia, onde a resistência émaior, existem salas de ginástica e lá as mulheres praticam aulas emhorários e dias específicos, só para elas, e, claro, tiram aquelasroupas pesadas e usam malhas ou lycra", diz Beatriz. "Na Argélia, a situação ésemelhante, mas na Tunísia e no Marrocos temos grandes chances devender roupas de fitness. O importante é conhecer e respeitar a culturade cada país”, contou.Fernando Pimentel, daAssociação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), que também acompanhou amissão, enfatizou que a demanda não só pela marca Brasil como portecidos, malhas e fios já foi identificada. Agora, assinala, o setor tem queavançar para conquistar o mercado, hoje dominado pela União Européia eEstados Unidos.“As negociações do Brasil com outros países estãorestritas ao Mercosul e à comunidade andina, o que faz com que nossosprodutos sejam taxados nos Estados Unidos e na Europa. Mas estamos comuma consulta aberta no Mercosul para que o Brasil possa fazer um acordode preferência tarifária com o Marrocos, o que nos deixamais otimistas na conquista pelo mercado da África como um todo”,explicou.No ano passado, a indústria têxtil do Brasil exportoucerca de US$ 40 milhões para a África. Isso, segundo Pimentel, significaapenas 0,5% do conjunto de importações do Continente Africano, que tem53 países e uma população de 800 milhões de pessoas. “Em 2008, asimportações do setor têxtil da África giraram em torno de US$ 19bilhões e os maiores parceiros são a China e os Estados Unidos”.