Stédile cobra mais atitude de presidentes e diz que Amazônia corre perigo

30/01/2009 - 18h43

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Belém - O clima de cordialidade entre movimentos sociais e governoslatino-americanos vai sendo aos poucos quebrado no Fórum SocialMundial. As lideranças dos movimentos têm feito críticas cada vez maisduras às políticas dos governos, principalmente dos considerados“progressistas e aliados”, com os da Venezuela, Bolívia, do Equador eBrasil.O coordenador da Via Campesina e membro da direçãonacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, reivindicou que os presidentesfaçam “mudanças estruturantes” para proteger o povo da crise.“[Diante desta] crise, que não é nossa, nós temos que juntar os movimentossociais e os governos progressistas. Fazer uma grande articulação paraapresentar propostas que freiem a crise e não amenizem, usando dinheiropúblico para ajudar as empresas, os bancos, como estão fazendo aqui noBrasil e em muitos países”, criticou Stédile, em entrevista à RádioNacional da Amazônia.Ontem (29), durante encontro com os presidenteda Bolívia, Venezuela, do Equador e Paraguai, o coordenador da ViaCampesina foi ainda mais duro na crítica. “Os governos que me perdoem,exponho o que pensam os movimentos. Vocês têm andando muito frouxos.Fazem suas reuniões aí, comentam algo de conjuntura, mas nós esperamosmais de vocês.”Para Stédile, a realização do Fórum SocialMundial na Amazônia é oportuna para a discussão sobre os interessesinternacionais na região e para a articulação dos movimentos popularesdos estados do Norte. “Os capitalistas de todo o mundo estão com olhodesse tamanho para se apropriar dessas imensas riquezas, aquipreservadas há milhões de anos com os povos indígenas. Por isso, aAmazônia corre sérios perigos”, ressaltou o coordenadorda Via Campesina."As populações da Amazônia têm que contraporcom um projeto popular. Recuperar a soberania do povo sobre essasriquezas. Reestatizar a Vale para que não se mexa mais na floresta. Nósdo MST defendemos o desmatamento zero. Daqui em diante, nenhuma árvorederrubar. E nessas áreas degradadas, fazer reforma agrária, distribuirpara os trabalhadores e fazer programas de reflorestamento e uma novaprodução agrícola que não dependa de desmatamento.”