Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Conselho Estadual de Trabalho, Emprego e Geração de Renda (Ceterj) reuniu-se hoje(30), em caráter extraordinário, na busca de alternativas para reverter o quadro de demissões emmassa na região do Médio Paraíba, sul do estado. Lá, concentram-se asempresas mais afetadas pela crise mundial, como as do setorautomobilístico e de siderurgia. Segundo o secretário de Trabalho eRenda, Ronald Ázaro, pelo fato de o conselho ser composto por representantes dogoverno, de empregadores e centrais sindicais, o ambiente facilita eamplia as negociações.Foram discutidas propostas como banco dehoras, diminuição de jornadas de trabalho, com diminuição proporcionaldo salário, e a suspensão temporária do contrato de trabalho, onde osalário é dividido entre a empresa e o Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT), do Ministério do Trabalho. Os representantes das empresasconvidadas, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Volkswagen, nãopuderam comparecer à reunião, alegando incompatibilidade de agendas. Desde dezembro de2008, a CSN demitiu cerca de 700 pessoas dos cerca de 7.300funcionários, de acordo com Bartolomeu da Silva, do Sindicato deMetalúrgicos de Volta Redonda e região. Segundo ele, a empresa é aúnica da região que se recusa a dialogar e negociar. A equipe entrouem contato com a assessoria de comunicação da CSN, que informou ter sido orientada a não se manifestar sobre o assunto. APeugeot foi a primeira a negociar. Ficou acertado que não haverádemissões de empregados temporários pelo menos até o dia 29 de março. Eles receberão 75% do salário, como licença remunerada. Os empregados fixos estão em férias coletivas até 1º de março. A Volkswagen se comprometeu com o sindicato a realizar suspensão do contrato temporário até 30 de junho. Além disso, a empresa teráque financiar cursos de qualificação para esses profissionais. Osfuncionários fixos entram em férias coletivas de 10 a 15 dias.Nestasemana, os nove municípios da região industrial do Médio Paraíba anunciaram que estãoestudando a desoneração de impostos para as empresas que não demitirem,como a redução de até 20% do Imposto Sobre Serviços (ISS) e de até 30%do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). O governo do estadogarantiu a implementação de cursos de qualificação profissional para ostrabalhadores da região, através do Plano Territorial de Qualificação(Planteq), com a previsão de 15 mil vagas a partir de maio.Segundo o presidente do Ceterj e do SindMóveis-Rio (Sindicato de Móveis e Decoração do Rio de Janeiro),Natan Schiper, a crise acarretou perda de cerca de 70 mil postos detrabalho em todo o Estado, com base nos dados da Fecomércio. O secretário Ronaldo Ázaro informou que, segunda-feira(2), irá se reunir com o governador SérgioCabral, quando serão discutidas políticas públicas para evitar que acrise mundial afete o restante do estado. “Por causa da indústria docarnaval e do turismo, o desemprego não está sendo sentido na capitaldo estado, onde o forte é o comércio e a prestação de serviços, mas sãonecessárias medidas preventivas contra o desemprego para quando operíodo de festas acabar.”