Amanda Cieglinski
Enviada Especial
Belém - Para o sociólogo e membro do Conselho Internacional do FórumSocial Mundial, Cândido Grzybovski, a “frustração” pelo governo Lulafica “entre o sonho e a realidade”. Hoje (30), ele e outros 60 membros doconselho tiveram uma reunião com o presidente. Segundo Grzybovski,havia a expectativa de grandes transformações quando Lula foi eleito. “Nóssempre queremos muito mais do que os governantes oferecem, isso valetanto para o Brasil como para outros [países]. A importância simbólica desseencontro é o esforço que o Lula e os presidentes que estiveram aquiontem, de manter a sintonia com os movimentos, conhecer a legitimidadedessas vozes que o Fórum traz que são muito diversas e complexas”,apontou.De acordo com o sociólogo, os principais temas dareunião foram a questão da Palestina, da integração entre os países eda Amazônia. Os membros do conselho questionaram Lula a respeito docontrole ambiental. “O presidente falou sobre as novas medidas dezoneamento agrícola e para impedir que o etanol chegue aqui [na Amazônia]”, contou Grzybovski.Ao sair da reunião, Lula comentou que ficou muito satisfeito de participar do Fórum e de ter seencontrado ontem (29) com os presidente Evo Moralez, Hugo Chávez, RafaelCorrea e Fernando Lugo. Sobre as críticas feitas a respeito da políticabrasileira de conservação da Amazônia, Lula disse que o Brasil é quem“deve tomar conta do que é dele”. “Seria impossível em um Fórumdessa magnitude que alguém não criticasse o governo. Entretanto, temmuita gente que fala da Amazônia sem conhecê-la, esquecendo que ela édo Brasil e, portanto, é o Brasil que tem direito sobre ela. Muita gentedá palpite na Amazônia sem saber que aqui vivem quase 25 milhões dehabitantes que querem trabalhar e ter acesso a bens materiais, que não querem que a Amazônia seja um santuário da humanidade”, disse.Aoavaliar a edição do 9º Fórum Social Mundial, o presidente disse que Belém devolve oprestígio ao evento com debates qualificados e a participação dosjovens. Segundo Grzybovski, o Conselho Internacional do Fórum tem umavisão sobre o papel estratégico do Brasil no mundo, mas dúvidas sobrealgumas opções.“Não sabemos por exemplo se o Brasil vai tendermais para o clube dos países ricos ou olhar mais para o outro lado. OBrasil vai querer ser mais membro do G8 ou da recosntrução de nações?”,questionou. O sociólogo ressaltou, entretanto, o mérito do governobrasileiro em estar disposto a ouvir e a negociar com os movimentossociais. Segundo ele, há governos “mais sensíveis” e outros “menossensíveis” que fecham as portas para os movimentos sociais, como o deNicolas Sarkozy (França) e Sílvio Berlusconi (Itália).“Nós somos a voz da rua, avoz da cidadania. Eles [governos] têm mandatos delegados pela gente, enão por empresas ou sei lá quem. Eles não são donos dos mandatos, somosnós que lhes delegamos e nós queremos que prestem contas, que fiquemafinados com a gente e inclusive expliquem o que prometem e não fazem”,afirmou.