Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil não descarta medidas maisdrásticas no caso do carregamento de genéricosimportados da Índia e retidos no Porto de Roterdã(Holanda). “O que ocorreu é um absurdo total, as alfândegasexerceram um poder de polícia para o qual não estãotituladas, tentaram legitimar isso na OMS (OrganizaçãoMundial de Saúde) e não conseguiram, fizeramunilateralmente. É um lamentável exemplo não sópara o comércio internacional mas para a solidariedademundial, [os produtos retidos] eram remédios”, disse oministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ementrevista à imprensa hoje (30) em Davos, na Suíça.O ministro Celso Amorim se reuniu hoje com oministro do Comércio da Índia, Kamal Nath. Noencontro, que ocorreu foram do âmbito do FórumEconômico, os dois países decidiram levar o assunto àpróxima reunião do Conselho-Geral da OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC), prevista para o dia 3 de fevereiro.Segundo Amorim, isso não exclui um futuro pedido de consultasna OMC ou até mesmo a abordagem do caso junto àJustiça européia ou holandesa.“É uma colocação política[no Conselho-Geral], mas não estou excluindo outrashipóteses, acho que estão muito sob contemplação”,disse Amorim. Na OMC, o Brasil pretende mostrar que a açãodas autoridades holandesas - embasada em legislaçãoeuropéia que impede a comercialização degenéricos sem autorização do detentor dapatente, é um obstáculo grave ao comércio. “É um obstáculo ao comércioem que a ganância toma o lugar de vidas humanas, é umacoisa muito, muito grave. Foi um gesto unilateral, arbitrárioe muito difícil de entender, vindo de um país com tantacivilização e tanto respeito aos direitos humanos”,afirmou.