Participantes fazem debate sobre perseguição a religiosos e trabalhadores

28/01/2009 - 19h46

Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém - “Sou  missionário, sou povo de Deus, sou vida, sou caboclo e mestiçofazendo da vida a missão”. Cantado em coro por cerca de 300 pessoas, overso religioso embalou o debate sobre a perseguição a defensores dosdireitos humanos em áreas de conflito da Amazônia. A manifestaçãofeita hoje (28) no Fórum Social Mundial lembrou a morte da missionáriaDorothy Stang e de outros religiosos, trabalhadores rurais e ativistasna região. Com um discurso radical, o padre italiano HumbertoGuidotti afirmou que a Igreja “chegou tarde” ao reconhecimento dosdireitos humanos, mas que a luta por esses ideais, atualmente, já éparte da atividade evangelizadora de alguns religiosos. “Faltapassar essa afirmação para a cabeça de bispos, padres e fiéis ligados aalguns grupos que acham que a Igreja deve se limitar aos cultos e àadministração dos sacramentos”, afirmou para a platéia repleta desimpatizantes da Teologia da Libertação. Guidotti afirmou que é“divino lutar pelos direitos humanos” e apontou o caso dos três bisposcatólicos ameaçados de morte no Pará, como exemplo para o trabalhomissionário. “Será um bom sinal quando tivermos 200 bispos, 200 padrese 200 freiras ameaçadas”, argumentou. Um dos bispos ameaçados, dom LuizAzcona, criticou o andamento das investigações e disse que aperseguição é um estímulo para dar continuidade ao trabalho dedenunciar violações aos direitos humanos.Umrepresentante quilombola do interior do Pará que teve a casa queimada eparte da família assassinada por fazendeiros, e a viúva do trabalhadorrural José Dutra da Costa, morto em 2001 por pistoleiros, também deramdepoimentos durante a apresentação. O grupo fez também um minuto desilêncio em memória dos fiscais do trabalho assassinados porpistoleiros em Unaí (MG) em 2006 durante uma investigação de trabalhoescravo.