Luiz Dulci afirma que o neoliberalismo desmoronou

28/01/2009 - 18h14

Amanda Cieglinski
Enviada Especial
Belém - Durante aabertura das atividade do Fórum Sindical Mundial hoje (28), em Belém, osecretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci, afirmou que aatual crise não é dos bancos ou de algumas empresas. O que“desmoronou”, segundo ele, foi o neoliberalismo. O evento faz parte daprogramação do Fórum Social Mundial. Ao lado de representantes desindicatos, Dulci disse que não é necessário precarizar o trabalho ereduzir empregos para enfrentar a crise. “Nós acreditamos que épossível evitar demissões com criatividade, com diálogo entre aspartes, e já houve várias soluções nesse sentido, como fériascoletivas. E o governo que já desonerou vários setores da indústria,para manter o nível de atividade econômica, considera justo também queo empresariado contribua para preservar os empregos”, defendeu.Opresidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, afirmou que as empresas querem aproveitar a crise para “tiraros direitos dos trabalhadores”. Os líderes sindicais pediram a reduçãodo juros, reuniões mais freqüentes do Comitê de Política Monetária (Copom) e ação rápida dos governosem todas as esferas para frear as demissões.  “Nós não vamospermitir a redução dos nossos direitos, dos nossos salários, às custasde chantagem empresarial”, afirmou o presidente da União Geral dosTrabalhadores, Ricardo Patah. Para a representante da Organização daInternacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, a crise mundial trouxe sentimentoscontraditórios de preocupação com o desemprego, mastambém de satisfação pela possibilidade de construir novos modelos dedesenvolvimento. “Muitos dos dogmas que estavam por trás daorganização dos mercados financeiros caíram e as pessoas queconstruíram o Fórum Social Mundial vêm lutando desde o começo paraafirmar que um outro mundo é possível”, disse.Para Victor Báez,secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores eTrabalhadoras das Américas (CSA), a crise já existia muito antes docolapso dos mercados financeiros. “A crise já existia. Era a criseenergética, alimentar, social, do meio ambiente. Para nós, a superaçãoda crise não é outra coisa senão superar todos esses problemas”,apontou. O ministro Dulci defendeu que haja uma intensamobilização social para a construção de uma nova ordem“pós-neoliberal”. “O movimento sindical tem uma responsabilidade muitogrande, porque se não houver novas soluções, eles vão superar a criserestaurando o modelo antigo com algumas tinturas de controle técnico.Não basta remover os escombros do neoliberalismo, é preciso criar umanova ordem pós-neoliberal”, afirmou.Dulci afirmou ainda que não é o momento de o governo reduzir os investimentos nas áreas sociais ou cortargastos públicos. “A melhor maneira de enfrentar a crise é avançar nasmudanças sociais e não recuar. Não é hora de reduzir gastos públicos,de reduzir investimentos sociais, é hora de aumentar, ampliá-los.Melhorar a vida dos pobres tem um efeito macroeconômico positivo, faz aeconomia crescer. Os programas sociais ajudam a manter o nível daatividade econômica e o emprego”, defendeu.