Brasileiros desamassam carros danificados por temporais de granizo na Argélia

28/01/2009 - 9h38

Cristiane Ribeiro
Enviada Especial
Argel (Argélia) - Um temporal de granizo com pedras do tamanho debolinhas de pingue-pongue amassou pelo menos quatro mil carros na Argel etrouxe à capital argelina 80 brasileiros especializados emdesamassar veículos sem danificar a pintura. O trabalho manual éfeito com ferramentas de ferro e borracha e não deixa marcas, por isso,esses profissionais são conhecidos no Brasil como “martelinhos de ouro”.Ogrupo chegou a Argel há quatro dias para consertar os estragosprovocados pela natureza no início deste ano e trabalha durante todo odia, pois o serviço deve estar concluído em até três meses, quandovence o visto de trabalho concedido pela Embaixada da Argélia.  Ostrabalhadores são autônomos e a profissão, que surgiu no Brasil, ainda não foi regulamentada. Eles aprendem o ofício com osprofissionais mais antigos, que começaram desamassando carrosdanificados por granizos, mas que agora já consertam carros novos compequenos amassados. A maioria deles se concentra na região de SãoPaulo, ficando à espera de serviço, que não demora a aparecer, seja noBrasil ou no exterior.“Há cerca de dez anos era cada um por si, mashoje já há pequenas empresas que fazem contratos temporários com osmartelinhos de ouro. A demanda maior é para a Europa, devido às grandestempestades de granizo, especialmente durante o inverno, mas já fomoschamados para trabalhar na Argentina, Estados Unidos e agora naÁfrica”, acrescentou Paulo Alves, de 28 anos, que desamassa carros há13 anos e há cinco anos se mudou para Portugal, onde criou uma empresano setor.Segundo ele, o fato de a profissão não ser reconhecidadificulta a liberação dos vistos para trabalhar fora do país. “Édifícil convencer as embaixadas de que 30 ou 50 profissionais semcarteira assinada precisam sair do Brasil de uma só vez e quase que deimediato, pois os desastres naturais não têm previsão para acontecer”. RogérioCândido Carmieto, de 32 anos, também de São Paulo, disse que estáfazendo sua estréia em trabalho no exterior e que a distância dafamília será compensada com o dinheiro que levará para casa. “Opagamento é em euro e no final do serviço, que deve demorar mais ummês, vou ganhar o que levaria muito mais tempo para receber no Brasil”.