Crise não afetará produção nem consumo de café no Brasil, diz representante do setor

18/01/2009 - 17h28

Da Agência Brasil

Brasília - Acrise econômica, que começa a afetar váriossetores da economia brasileira, não deverá atingir oconsumo, nem a produção de café no país.A expectativa da Associação Brasileira das Industriasde Café (Abic) é de crescimento de 5% na produçãoe consumo este ano. “Ocafé é um produto de consumo diário, tradicionaldo povo brasileiro. O custo do café é baixo para osconsumidores e, por isso, não enxergamos motivo para queda noconsumo”, afirmou o presidente da Abic, Natan Herszkowicz, ementrevista ao programa Revista Brasil, da RádioNacional AM.Segundoele, além do consumo, a própria produçãonos últimos anos está crescendo em todas as direções.O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café,há mais de um século. “Produzimosmuito mais do que os concorrentes. Exatamente por isso, o Brasil éo maior exportador e o segundo maior consumidor de café. Obrasileiro gosta de beber café – pesquisas da Abic indicamque 97% da população acima de 15 anos declaram queconsomem e que vão continuar consumindo em 2009.”Acafeicultura brasileira caracteriza-se por ser bianual, ou seja, numano a árvore produz muito, no outro, produz menos. “Em 2008,tivemos uma safra grande, quase um recorde, com 46 milhões desacas colhidas. Neste ano, então, o setor cafeeiro vaiproduzir naturalmente menos”, explicou Herszkowic.ACompanhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que neste anosejam colhidas cerca de 38 milhões de sacas, 19% a menos doque no ano passado. Porém, com os estoques remanescentes e asoma destes com a safra nova, a colheita deve ser suficiente para queo setor tenha bom desempenho tanto nas exportaçãoquanto no suprimento do mercado interno. Herszkowicressaltou que a cafeicultura brasileira é muito competitiva emoderna. “É uma das mais competitivas do mundo, mas tem seexpandido não em área, e sim em aumento deprodutividade. Estamos com a mesma área produtiva de 15 anosatrás, mas a produção e a quantidade de cafécolhida por árvore ou por unidade de hectare dobraram. Foimais do que o esperado”. Paraele, o único ponto negativo é a questão cambial,que não tem gerado rentabilidade para o setor e tem afetado acafeicultura e a indústria exportadora. Os preços docafé têm ficado estáveis nos últimosquatro anos para os consumidores, mas o custo de produçãotem subido. Deacordo com Herszkowic, para combater os prejuízos, osprodutores contam com recursos do Fundo de Defesa da Cafeicultura, doMinistério da Agricultura, que cobre os gastos com estocagem,e com outros programas, inclusive de pesquisas. Cercade 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vem do café.Em 2008, o setor gerou R$ 15 bilhões. Apesar de ter diminuindosua importância relativa na pauta de exportações,o café continua sendo um negócio importante. SegundoHerszkowic, mais do que do ponto de vista econômico, o caféé a cultura que socialmente mais contribui, porque emprega de6 a 8 milhões de pessoas no país.