Brasil inicia em fevereiro produção de urânio enriquecido em escala industrial

13/01/2009 - 18h43

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A empresa estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) vaifabricar urânio enriquecido em Resende, no sudoeste fluminense,a partir do próximo mês. Até o final do ano aprodução deve chegar a 12 toneladas da matéria-primado combustível utilizado em usinas nucleares. A expectativa daINB é produzir, até 2012, todo urânio enriquecidoutilizado na usina nuclear de Angra I e 20% do combustívelpara Angra II.As informações são do diretorde Produção do Combustível Nuclear da INB,Samuel Fayad Filho, para quem o domínio nacional do processo de completo deenriquecimento de urânio significa “um salto”. “O grande avanço é que no futuronós não vamos depender de serviços externos parauma tecnologia importante. Nãoteremos nenhum problema de alguém fechar a válvula dogás”, disse Fayad Filho, se referindo ao episódio do corte defornecimento de gás Gazprom da Rússia para a Ucrâniae demais países da Europa ocorrido na semana passada. De acordo com ele, a produçãonacional de urânio enriquecido vai trazer ao Brasil uma economia de US$ 25milhões, o correspondente ao que o país gastapara enriquecer o mineral no exterior. Até agora, o Brasil tinha o minério, mas por não dominar o processo de enriquecimento exportava o material bruto e comprava de um consórcio de empresaseuropéias o urânio enriquecido.A tecnologia para oenriquecimento de urânio foi desenvolvida pelo CentroTecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e peloInstituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).O Brasil será o nono país a dominar o processo de enriquecimento do mineral. Para iniciar a produção industrial de urânioenriquecido, a fábrica de Resende já tem duas cascatasde ultracentrífugas em série (equipamento inventadopelos alemães durante a 2ª Guerra Mundial) utilizadas para separaras partículas de urânio que liberam energia. A previsãoé que em três anos, dez cascatas de ultracentrífugasestejam em funcionamento.Desde novembro de 2006, a INB tinha licençaambiental do Ibama para enriquecer o urânio mas a autorizaçãode operação da fábrica, válida por umano, só foi dada pela Comissão Nacional de EnergiaNuclear (CNEN) no último dia 5. Segundo Fayad Filho, a INB deverá solicitara prorrogação até obter da CNEN a autorizaçãode operação permanente, “após comprovar quetrabalha seguramente”. A licença de operaçãodo Ibama vence no próximo ano e sua renovaçãotambém deverá ser solicitada ao Ibama.A Constituição Federal atribui àUnião monopólio para lavra, enriquecimento,reprocessamento, industrialização e comércio deminérios nucleares e seus derivados (Artigo 21). Conforme alei, toda atividade nuclear em território nacional deve terfinalidade pacífica e aprovada pelo Congresso Nacional.