América Latina precisa diversificar a indústria, afirma economista

13/01/2009 - 19h46

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O maior desafio da América Latina para o período pós-criseeconômica mundial será a diversificação de seu setor industrial. De acordo com oeconomista Paulo Gala, professor da Fundação Getulio Vargas, durante os próximos anos os paísesprecisam se livrar da dependência das commodities e seconsolidar como produtores de manufaturas para não ficar tão suscetíveisaos abalos da economia como hoje.“As commodities têm preços muito instáveis. Sobemno momento de crescimento e caem muito na crise”, disse ele, hoje (13), à Agência Brasil. “Como a economia dos paíseslatino-americanos depende da exportação desses produtos, eles ficam muitovulneráveis às crises.”Gala é um dos organizadores do primeiro Programa AvançadoLatino-Americano para o Repensamento do Macro-desenvolvimento Econômico (Laporde,na sigla em inglês). O evento, que começou ontem, faz parte do calendário oficial da Universidadede Cambridge e está sendo realizado na sede da FGV em São Paulo. Nele,economistas de várias partes do mundo debaterão até sexta-feira a crise globale seus efeitos, principalmente sobre países em desenvolvimento.Para Gala, o atual da economia mundialrepresenta uma ameaça a população mais pobre dos países latinos justamente poressa dependência das commodities, como petróleo, soja, minério de ferro etc. Segundo ele, muitas das políticas sociais responsáveis pela melhoria daqualidade vida dessas pessoas foram financiadas com ganhos obtidos com a vendadesses produtos. Com o mundo em recessão e os preços em queda, a continuidadedesses programas está em risco.O economista, entretanto, fez uma ressalva em relação aoBrasil. Gala afirmou que o país está entre os mais bem preparados paraenfrentar o mau momento da economia, pois iniciou, apoiado em políticas públicas, a diversificação da sua indústria há 50 anos.“O Brasil é um dos poucos emergentes que tem um banco deinvestimento como o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial], com recursos de R$ 100 bilhões”, complementou o professor. “Tambémé um dos poucos que tem uma Petrobras.”Na opinião dele, os dois principais problemas do país são a taxa decâmbio não-competivida e a alta taxa básica de juros da economia. Porém, pelomenos no que diz respeito à Selic, ele afirmou que o problema está prestes aser resolvido.“A Selic vai entrar em uma forte trajetória  quedaneste ano”, previu. “Em três meses, vamos ter a mais baixa taxa de jurosdos últimos 20 anos.”