Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, Tarso Genro, criticou hoje (18), durante a apresentação dos balanços das ações da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a espetacularização das operações da PF e o excesso no uso de escutas telefônicas. De acordo com ele, a própria Polícia Federal tem trabalhado para não banalizar suas operações para evitar que se transformem em espetáculos cinematográficos, mas sem procurar vedar o trabalho da imprensa. Tarso ressaltou que a publicidade das operações pode trazer prejuízos no sentido de trazer uma punição antecipada para as pessoas que são colocadas sob custódia e também de gerar desequilíbrios nas relações de poder interno na corporação, ao privilegiar, com a antecipação das ações, órgãos de imprensa, gerando fontes dentro da polícia, que muitas vezes têm que mentir para os seus superiores para manter a relação com os jornalistas.O ministro também destacou a necessidade de se manter o foco das investigações. “Nós temos que cada vez mais apurar os nossos métodos de investigação eo nosso trabalho inquisitorial para que os nossos inquéritos não setornem inquéritos sobre o mundo, sobre a vida, sobre tudo o queacontece”, afirmou.Tarso disse ainda que “em um inquérito que não tem foco, às vezes o policial pode confundir maus costumes da política com ilegalidades”, fazendo com que a polícia judiciária se torne uma polícia política “no sentido de saber o que é ético o que não é ético segundo a própria visão do policial”.Sobre a questão da qualidade da prova, o ministro da Justiça afirmou que ela não pode ser obtida somente por escutas telefônicas. “A escuta telefônica é um instrumento de qualquer investigação em qualquer país do mundo, mas ela não pode ser um instrumento de acomodação do trabalho pericial e do trabalho de campo do policial, porque às vezes há uma tendência a substituir mecanismos exclusivamente tecnológicos pela inteligente ação investigativa do agente”, disse.