Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pesquisa trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada hoje (18), revelou que a confiança doconsumidor brasileiro no futuro da economia começa a cair. A pesquisa indicou que o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) de dezembro recuou 5% em relação à pesquisa de setembro, quando os efeitos da crise financeira ainda não apareciam no mercado doméstico, a valorização cambial estava contida e os bancos ofereciam dinheiro fácil.Feitaa constatação, o gerente executivo da Unidade de Política Econômica daCNI, Flávio Castelo Branco, destacou que “a queda da expectativa dosconsumidores provém do acirramento dos efeitos da crise internacionalsobre a economia brasileira”. Além disso, ele acrescentou o efeitopsicológico das incertezas sobre as medidas adequadas para conter acrise iniciada no mercado imobiliário dos Estados Unidos, em agosto do ano passado, com desdobramentos imediatos na Europa e Japão.Deacordo com a última pesquisa do ano sobre o Inec (abrangendo o período de outubro a dezembro), o índice relativo àexpectativa de evolução do desemprego recuou 18,5%, na comparação com setembro (que incluía os meses de julho e agosto), resultado da mudança brusca na atividade econômica, de outubro para cá, o que levou muitas empresas a anunciarem férias coletivas e demissões.O aumento do pessimismo também provocou queda de 9% no índice de expectativa da inflação, na comparação com setembro.Redução explicada, em parte, pela desconfiança do consumidor em relaçãoao futuro da economia e pelo efeito da desvalorização cambial sobre ospreços, que encarece os produtos importados e pressionam o custo devida.O índice de expectativa com relação à própria renda dotrabalhador também mostrou recuo de 2,3%, embora o indicador permanecesseacima da média histórica. Os consumidores resgistraram, ainda, piora de1,5% na situação financeira e de 3,2% no aumento do endividamentopessoal.Os indicadores de renda, situação financeira eendividamento refletem o aumento nos rendimentos e da massa salarialdurante o ano, que levaram os assalariados a atingirem patamareselevados. Mas o recuo nesses índices já reflete a piora das condiçõesde crédito decorrentes dos aumentos nas taxas de juros e dos efeitos dacrise financeira mundial sobre a liquidez doméstica.