Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, enfatizou hoje (18) que há uma divisão entre a política de juros básicos (monetária) para controlar a inflação e as medidas para promover liquidez (dinheiro facilmente disponível) no mercado financeiro. “O Banco Central está fazendo uma ação clássica de bancos centrais que é a gestão de liquidez. É muito importante definir as diversas separações entre políticas monetária, de liquidez e políticas prudenciais etc. Nas normas de governanças, isso está cada vez mais claro no mundo todo e o Banco Central do Brasil tem prestado muita atenção nesses diversos componentes”, afirmou Meirelles, em audiência no Senado. Hoje o BC divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, apesar de ter cogitado a redução de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros básicos (Selic), optou por mantê-la em 13,75% ano. Economistas argumentam que a crise financeira internacional, que leva à desaceleração da economia, principalmente em 2009, e, por conseqüência reduz, o consumo e a inflação, seria um fator que justificaria a redução dos juros. O Copom afirmou, inclusive, que a diminuição do crédito ajuda na redução do consumo e da inflação.De acordo com Meirelles, o principal efeito da crise financeira internacional no Brasil é a escassez de crédito. Para combater isso, de acordo com ele, o BC atua com medidas para promover liquidez aos pequenos e médios bancos, para destravar o crédito entre os bancos e para a sociedade, com liberação de compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no BC) no total de R$ 98 bilhões até o último dia 15. Além dessas liberações, ontem (17) o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças na contabilidade das instituições financeira que vai liberar, de imediato, mais de R$ 81 bilhões. No caso da falta de recursos em dólar, Meirelles informou que foram vendidos pelo BC ao mercado à vista US$ 9,8 bilhões, sendo que esse dinheiro sai efetivamente das reservas internacionais. Outra atuação foi por meio de venda de dólares, com compromisso de recompra pelo BC no total de US$ 10,8%. As operações de swap cambial chegaram a US$ 28,9 bilhões. Nesses contratos, se o dólar subir, o mercado ganha; se os juros subirem, quem ganha é o BC. Para quem compra, esse contrato pode ser um seguro contra as variações cambiais. As linhas para o comércio exterior totalizaram US$ 2,4 bilhões. De acordo com Meirelles, o financiamento ao comércio exterior está se normalizando. O BC também decidiu não rolar swaps cambiais reversos (nesses contratos, o BC dá às instituições financeiras a variação da taxa de juros e recebe, em contrapartida, a variação do dólar) no total de US$ 1,5 bilhão.