Centrais sindicais querem aumento de crédito para conter desemprego

08/12/2008 - 21h45

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O fechamento crescentede postos de trabalho tem deixado em alerta as representaçõesde trabalhadores que temem uma onda de demissões no Brasil.Nesta semana, a União Geral dos Trabalhadores (UGT)participará de assembléias com mais de 10 empresaspaulistas e o apelo é: "não demitam". Os sindicatosfiliados a UGT homologaram nos meses de outubro e novembro 16.580demissões. Já no mesmo período do ano passado foramrealizadas 14.354 homologações.“Existem setores quejá estão trabalhando com a metade dos funcionáriose outros com apenas 35% dos quadros. São setores de revenda deautomóveis, de pneus, assessórios automotivos,auto-peças e papelaria. Outro setor que vem apontando parademissões é o de vestuário. Muitas empresasestão sem dinheiro para pagar o décimo terceirosalário. Vamos nos reunir com as empresas para podermosintermediar o pagamento de parcela do décimo terceiro nopróximo ano”, disse Ricardo Patah, presidente da UGT.A UGT reúne,principalmente, sindicatos ligados ao ramo de comércio eserviços, em São Paulo, metalúrgicos, em MinasGerais, e representações do setor têxtil de SantaCatarina. “Só o comércio em São Paulo envolvecerca de 430 mil pessoas. A redução desse contingentepela metade pode provocar um impacto enorme. É papel dos sindicatosrealizar essa intermediação”, afirmou.Além disso, ascentrais também pediram um plano emergencial de renegociaçãodas dívidas dos assalariados e pequenos empresários com osbancos. Por enquanto, os direitores das centrais contam com ocompromisso que eles dizem ter conseguido do governo de levar aspropostas adiante. “A ministra Dilma disse que encaminharia aproposta da contrapartida social dentro do governo. O presidente daCâmara, Arlindo Chinaglia se comprometeu a colocar em votaçãoem regime de urgência a redução da jornada detrabalho”, disse Ricardo Patah.A preocupaçãoda Central Única dos Trabalhadores (CUT) vai no mesmo caminhoe, de acordo com o presidente da entidade, ArturHenrique, as demissões e a falta de crédito para apopulação serão assuntos tratados esta semanacom o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião quedeverá ocorrer na próxima sexta-feira (12), em SãoPaulo. De acordo com Artur Henrique,não há como conviver, nesse momento, com juros altos parao consumidor além da retenção do créditoque, segundo ele, vem sendo praticada pelas instituiçõesfinanceiras. “O que cabe para as centrais sindicais nesse momento édizer ao presidente Lula que ele tem razão quando diz que opovo tem que consumir, mas isso só vai acontecer se ele nãotiver a espada da demissão sobre sua cabeça”, disse.A reduçãodos juros e medidas para melhorar o acesso ao crédito paraArtur Henrique estão na base da política que deve seradotada e isso, em sua opinião, depende da contribuição do setor financeiro. “O mundo estáreduzindo os juros. Precisamos de menos juros. Além disso,nessa discussão dos créditos, os bancos têm quedar sua contribuição. Eles não podem ficarretendo dinheiro da forma que estão fazendo, sob o argumentofalso de que o crédito está saindo aos poucos porqueestão analisando os riscos. Se o sistema financeiro tivesseanalisado riscos antes, não estaríamos na situaçãoque nós estamos”, afirmou o presidente da CUT. “Nósprecisamos colocar crédito na praça para o comérciopara a produção e para o consumo. Para isso, é precisoreduzir taxa de juros, reduzir preços, alongar prazos. Esse éum conjunto de fatores que tem que ser colocado no debate que nãodepende do governo, mas sim dos empresários”, afirmou ainda Artur Henrique.Na semana passada, ascentrais apresentaram ao governo uma série de propostas com oobjetivo de evitar as demissões. Entre as sugestõesestão a redução da jornada de trabalho, o limitede horas-extras - no máximo 220 horas ao ano -, o fim do superávitprimário, com prioridade para o pagamento de juros da dívidaexterna e investimento no Plano de Aceleração doCrescimento (PAC), a garantia do Piso Nacional da Educaçãoe a proposta de exigência de contrapartidas sociais das empresas que recebem financiamento público. Essa proposta prevêque os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES), pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco doBrasil devem prever metas de manutenção e geraçãode empregos. As empresas que recebem esses financiamentos devemcumprir metas a serem estabelecidas proporcionalmente ao montante dedinheiro emprestado com juros subsidiados. A proposta foi apresentadaà ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e ao secretárioespecial da Presidência da República, Luiz Dulci.