Juliana Cézar Nunes e Mariana Jungmann
Enviadas Especiais
Rio de Janeiro - O documento final do 3º Congresso Mundial deEnfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes traz umasérie de recomendações para que países, empresas e sociedade civilintensifiquem o combate à exploração sexual de crianças e adolescentesno turismo.Entre elas estão a criação de códigos de conduta para aproteção de crianças, a utilização do banco de dados da Interpol paranotificações sobre turistas com histórico de exploração sexual, aproibição de materiais que façam apologia a esse crime, o monitoramentode novos destinos turísticos e a orientação vocacional para criançasque moram em grandes cidades turísticas.Patra o presidente do Comitê de Turismo Ético daOrganização Mundial de Turismo, David de Villiers, nosúltimos 10 anos, países e empresas avançaram no combate à exploraçãosexual de crianças e adolescentes no turismo.“Já existe muita colaboração no mundo, mas claro queprecisamos de mais parcerias para criar uma estrutura que evite essecrime. Precisamos principalmente de mais troca de informação, além daparticipação de operadoras de turismo, hotéis e empresas de aviação”,sugere David de Villiers.“Os governos também não podem se concentrar apenas naelaboração das políticas, a partir das capitais. É necessárioaplicá-las na base e envolver todas as cidades”, apontou Villiers.Na avaliação do representante da Organização Mundialdo Turismo, o governo brasileiro tem feito um bom trabalho, inclusiveinovando ao envolver profissionais como os taxistas na rede deproteção. “Quanto mais pessoas forem motivadas a se perguntar comopodem ajudar, melhor.”A coordenadora-geral do Programa Turismo Sustentávele Infância, Elizabeth Bahia, informou que o Brasil pretende intensificar asações nessa área e que o orçamento para o programa este ano, R$ 8,5 milhões, já foi o dobro do aprovado no ano passado. A maior parte dos recursos, cerca de R$ 5,5 milhões,foi garantido por meio de emendas parlamentares. Para 2009, oMinistério do Turismo espera conseguir dobrar novamente esse orçamento,chegando a R$ 15 milhões.“Participamos do congresso mundial em busca deexperiências bem-sucedidas. Queremos aderir às boas práticas, adaptandoas ações à realidade brasileira”, ressalta Elizabeth Bahia, que éfavorável à recomendação feita hoje para que todos os países adotem osistema de alerta da Interpol sobre turistas com histórico deenvolvimento com exploração sexual.“Já estamos conversando sobre esse assunto. Soufavorável a essa medida. Mas como é uma medida legal ela não vaidepender apenas do Ministério do Turismo. Teremos que consultar aJustiça brasileira sobre a aplicação dessas informações quando elasestiverem disponíveis. Há um questionamento sobre o direito de ir evir. Ainda assim, sou favorável ao sistema porque ele reforça o combateà exploração sexual.”