Fernando Henrique elogia Obama, mas diz que Brasil deve ficar alerta

28/11/2008 - 18h22

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Com a eleiçãodo senador Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos,o Brasil deve ficar alerta na defesa de seus interesses internos,porque Obama, “com certeza, vai priorizar o que considerar melhorpara seu país”, já que a tendênciaprotecionista é maior entre os democratas que entre osrepublicanos. A recomendação foi feita peloex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao programa 3a 1, da TV Brasil.Para o ex-presidente, a eleição de Obama foi um fato emblemático,que aponta para uma mudança no mundo, com a “chacoalhada”que provocou. Ele disse acreditar que Obama poderáviabilizar uma solução para a crise financeira internacional, uma vez que, atéaqui, tem inspirado confiança, pois os nomes que escolheu parasua equipe batem com as promessas de campanha.Na entrevista, FernandoHenrique, que presidiu o Brasil de 1º de janeiro de 1995 a 1ºde janeiro de 2003, comentou também a política na América do Sul. Segundo ele, o continente mudou muito nosúltimos anos: as eleições são feitas deforma direta, ao contrário do que acontecia no passado; naBolívia, um índio se tornou presidente da República;a Venezuela passou a ter voz ativa. Entretanto, ele prevêque a situação vai ficar difícil. Na épocaem que foi presidente, o barril de petróleo custava US$ 14contra os US$ 50 de hoje, mas já esteve a US$ 150. Para Fernando Henrique, a China será um concorrente fortepara todos os países nos próximos anos. “Por isso, temosque tomar decisões dentro da premissa de que somos possuidoresde uma base natural fantástica – temos petróleo,etanol, terras agricultáveis e muitas outras vantagens, comodesenvolvimento tecnológico, universidades e base industrial.”Ele destacou, porém, que "é preciso fazer escolhas,pois ninguém pode ser bom em tudo". A crise pode dar aopaís "um respiro para vermos como fixar nossas bases",acrescentou.De acordo com oex-presidente, é importante investir para o desenvolvimento daeconomia, mas aumentar os gastos e estimular o consumo "complicaa situação do país, num momento em que a maiorpreocupação é a crise financeira internacional".Fernando Henrique lembrou que seu governo lutoupela desconcentração, mas agora vê que ela voltaa ocorrer. Citou o caso das telefônicas, afirmando que ogoverno Lula, que, quando estava na oposição, criticouas privatizações, agora está privatizandoestradas. O ex-presidente disse ainda que sempre foi contrao monopólio – "não privatizei a Petrobras, masquebrei o monopólio" – e que apóia a proposta dedesconcentração na área das comunicações,especialmente no que se refere à televisão.