Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Fundo Monetário Internacional (FMI) proporá às maiores economiasdesenvolvidas e emergentes do mundo uma estratégia de regulação globaldos mercados financeiros, coordenada pela instituição. A iniciativa foiantecipada pelo diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, ao jornalfrancês Le Monde.A proposta será apresentada ao grupo conhecido como G20 financeiro– provavelmente na reunião de ministros da área econômica e presidentesde bancos centrais, na próxima semana, em São Paulo. Strauss-Kahntambém apresentará um documento com lições da atual crise financeirainternacional.“Com a globalização, quando o mercado entra em em colapso na Virgínia, a Hungria sofre porque o declínio no setor imobiliário americano gera problemas para os bancos americanos e, em conseqüência, para todos os bancos do mundo uma vez que os bancos americanos repatriam seu dinheiro para esses bancos estrangeiros e cortam crédito. É um efeito dominó”, justificou Strauss-Kahn. Segundo ele, o FMI pode neutralizar esse cenário mas, para isso, precisa ter seu papel de regulador global reafirmado. “Além de seu papel de bombeiro e construtor, o FMI poderia ter um papel de arquiteto durante algum tempo”, sugeriu.Strauss-Kahn disse que, a partir da análise de 122 crises anteriores, o FMI concluiu que é preciso por um fim a abordagens individuais e desenvolver um plano abrangente. O segundo passo, segundo ele, é recapitalizar os bancos."Uma injeção de liquidez não será suficiente”, afirmou. O diretor-geral do fundo também chamou atenção para a necessidade de se desenvolver uma nova linha de crédito para aliviar problemas de liquidez de curto prazo. Na quarta-feira (29), o FMI já havia anunciado uma nova linha voltada a economias emergentes sólidas com problemas transitórios de liquidez em razão da escassez de crédito no mercado internacional. Strauss-Kahn reconheceu ser fundamental reforçar os recursos do fundo, que podem ser insuficientes no médio prazo diante das necessidades dos países-membros.Por fim, disse estar preocupado com os efeitos da crise nos países mais pobres do planeta, já afetados pela disparada nos preços mundiais dos alimentos e das commodities. “Nos países desenvolvidos, a crise significa queda no poder aquisitivo. Nos países mais pobres, significa risco de fome para alguns, má nutrição para muitos outros, resultando em cicatrizes para toda uma geração.”