Ex-ministro sugere “cuidar” do preço mínimo para enfrentar crise e tirar vantagem

31/10/2008 - 20h46

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, sugeriu hoje (31), em São Paulo, a aplicação pelo governo da política de garantia do preço mínimo na agricultura para ajudar o setor a enfrentar a crise. Segundo ele, a medida poderia servir ainda para o país aproveitar o momento de dificuldade econômica mundial e conquistar novos mercados.  De acordo com Rodrigues, o imediato recálculo dos preços mínimos e a destinação de recursos do orçamento são fundamentauis  para que, na hipótese de os preços caírem abaixo do preço mínimo, o governo e o Ministério da Agricultura terem condições de executar a política de maneira adequada. Para o ex-ministro, as medidas farão com que os “bancos percam o medo de emprestar” e darão condições para que o Brasil conquiste novos mercados de maneira definitiva. “E aí sim é uma grande oportunidade para firmar o pé”.Rodrigues ressaltou que o setor terá no próximo ano uma safra mais cara, com menos crédito e, conseqüentemente, com  redução da área plantada e menor padrão tecnológico. “Uso de menos adubo e uso de uma semente um pouquinho pior. Portanto, tende diminuir a produtividade”, afirmou.O ex-ministro disse, no entanto, apostar em uma queda leve nos preços dos produtos agrícolas na próxima safra, em virtude da demanda dos países emergentes. “Aquele dado inicial de que há uma demanda aqui nos países emergente ainda persiste. O fundamento básico para os preços ficarem elevados persiste, e eu não vejo razões aparentes para que isso mude. Eu não acho provável que os preços caiam muito na colheita”, disse.Apesar de pregar uma defesa maior por parte do Ministério da Agricultura ao setor, Rodrigues defendeu a postura do governo diante da crise. “O governo, há de se reconhecer, foi ágil, colocou dinheiro no crédito, aumentou o compulsório, deu um espaço maior para os bancos”.