Economia tem espaço para crescimento do crédito, diz executivo da área de finanças

31/10/2008 - 15h47

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diretor de Finançasda Associação dos Executivos de Finanças,Administração e Contabilidade (Anefac), RobertoVertamatti, disse hoje (31) que a economia brasileira ainda temespaço para o crescimento do volume de crédito. Eleressaltou, no entanto, que, com a crise econômica global,criou-se um novo cenário no qual os bancos já começama restringir ou analisar melhor para quem darão o crédito.“Não vou dizer que não temcrédito, mas o crescimento que era previsto no volume para opróximo ano já não vi acontecer. Os bancos estãofalando em crescimento de 8% a 10% no ano que vem. Diante da crise, oque está acontecendo é a retração”,afirmou.Para o consumidor e a população emgeral, as restrições deverão ser as mesmas. Acompra de uma geladeira, um fogão, ou uma máquina delavar, por exemplo, que antes poderia ser parcelada em até 36vezes, começa a ter o número de parcelas diminuído.E há também o aumento da taxa de juros. “Ainda que ogoverno tenha decidido não aumentar a taxa de juros, os bancosjá estão falando em aumentá-la. Sem falar nocheque especial e cartão de crédito, que devem ficarmuito mais altos.”Segundo Vertamatti, a tendência é queesse cenário se agrave no primeiro semestre do ano que vem.Para ele, nem o Natal deste ano será como as previsõesapontavam, mesmo que haja crescimento em relação àsvendas no ano passado. Ele disse que o processo que se iniciou nesteano não tem volta. “Isso é um novo ajustamento daeconomia.”Entretanto, Vertamatti ressaltou que o paísestá preparado para enfrentar uma crise como essa, mas poderiaestar melhor se tivesse realizado as reformas previstas (tributáriae da Previdência), porque, no momento atual, será maisdifícil dar andamento a elas. O presidente do Santander, Fábio Barbosa,afirmou que os bancos estão tentando colaborar para promover oaumento de crédito no mercado, com compra de carteiras debancos de menor porte, mas ressaltou que há dificuldades paraisso, porque é necessário um trabalho de avaliaçãotanto das carteiras quanto da compatibilização dossistemas. Por esse motivo, os bancos não teriam usadoainda todo o recurso liberado pelo Banco Central para tais operações.“Não é fácil pegar uma carteira de recebíveisde automóveis ou de empréstimos consignados e, a partirdaí, ter um sistema capaz de lê-lo e colocar dentro doseu sistema operacional”. De acordo com Barbosa, os bancoscontinuarão com a atitude de colaboração que têmtido.