Policias civis de São Paulo pretendem entregar documento a Lula relatando motivo da greve

17/10/2008 - 19h36

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Após reunião realizada hoje (17), os policiais civis de São Paulo decidiram entregar um documento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para explicar os problemas que os motivaram a entrar em greve no estado. A intenção dos grevistas é entregar o documento ao presidente amanhã (18), após a participação dele em evento na capital com a candidata à prefeitura Marta Suplicy. Também participaram da reunião, representantes de centrais sindicais. Os grevistas também pretendem pedir uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para discutir a questão da greve, que já dura mais de um mês em todo o estado.Ontem (16), policiais civis e militares entraram em confronto próximo ao Estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo. A intenção dos policiais civis era fazer uma passeata até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Entretanto, as ruas ao redor do Palácio foram bloqueadas pelos policiais militares, já que a área é considerada de segurança e é proibido fazer manifestações no local. Os manifestantes tentaram furar o bloqueio dos policiais militares e prosseguir com a passeata, mas foram contidos com bombas de gás lacrimogênio. Na confusão, os policiais trocaram tiros com balas de borracha e dezenas de pessoas ficaram feridas.Hoje (17), o governador José Serra lamentou o confronto de ontem, mas disse que não há crise entre as Polícias Civil e Militar no estado. “Os comandos da polícia estão muito unidos tanto da militar quanto da civil e da científica. Os eventos de ontem não refletem o confronto entre as corporações como tal. Foi um conflito localizado, inclusive com manifestantes em número muito limitado: tem 35 mil policiais efetivos da Secretaria de Segurança e ontem não havia mais de mil”.O governador criticou o fato de policiais civis terem participado da manifestação grevista armados. “Uma coisa é reivindicação. E outra é fazer reivindicação armada”, afirmou.Serra voltou a dizer que o confronto ocorrido entre policiais civis e militares teve motivação política e que teria sido convocada pelo presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva. “O evento de ontem foi programado e proposto, inclusive como forma de organização, por um desses líderes, que é o Paulinho da Força Sindical que é, aliás, um deputado envolvido em escândalos que tem um processo de cassação em andamento e que, provavelmente, quer pôr uma cortina de fumaça em cima disso”, disse o governador.Por telefone, o deputado Paulo Pereira da Silva respondeu às acusações feitas pelo governador, dizendo que Serra “está sendo intransigente”. “Ele não soube negociar com os policiais e resolveu pôr a culpa em outro”. Segundo Paulinho, a culpa pelo confronto é de Serra, “que paga o pior salário do Brasil”.Paulinho também negou que a greve dos policiais tenha motivações políticas. “Não teve nenhum fundamento político, só salarial”. E disse que não convocou a passeata de ontem, que terminou em confronto entre os policiais. “Queria ter esse poder que ele [Serra] está me dando”.O deputado também acusou o governador de São Paulo de ser o responsável “pelas armações” que o teriam colocado sob investigação na Operação Santa Tereza, da Polícia Federal. “Sempre desconfiei disso, mas agora ficou claro quem é o responsável por essas armações contra mim”.Perguntado sobre a razão que levou as centrais sindicais a participarem da reunião de hoje com os policiais civis, o deputado respondeu somente que “todas as seis centrais estão dando apoio ao movimento, que é justo”.