Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 80% dosprofessores se sentem desvalorizados pela sociedade. O cenárionão muda dentro da escola, onde 75% acha que a administraçãodo colégio ou mesmo da secretaria de educação de suacidade não reconhecem a importância da categoria. A constatação éda pesquisa A Qualidade da Educação sob o Olhar do Professor, da Fundação SM e da Organizaçãodos Estados Ibero-americanos. Mais de 8 mil professores em 19estados participaram do estudo. “O fato de não serem valorizados [professores] como profissionais,sem perspectiva de bons salários ou de uma carreira, levaa um processo de desvalorização. Os jovens nãoprocuram o magistério o que cria um efeito dominó”, comenta o presidente da Confederação Nacional dosTrabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão. Apesar da avaliaçãonegativa sobre o reconhecimento da profissão, 67% dosprofessores disseram que não mudariam de profissão.“Esse percentual é muito bom. É mesmo uma profissãoque envolve. Você está sempre em contato com o que temde novo no mundo, que são as crianças e os jovens. Issoé importante, é gostoso”, conta Leão. Outro tema avaliadopela pesquisa foi o grau de satisfação dosprofessores referente aos diferentes aspectos daescola, desde a infra-estrutura até o relacionamento com asfamílias dos estudantes. Para 81,3% dos entrevistados, arelação do professor com seus alunos é o quetraz mais satisfação.Em todos os pontosavaliados, o nível de contentamento dos professores da redeparticular é sempre maior do que os da pública. Sobre as instalações,equipamentos e materiais que a escola dispõe para otimizar asaulas, 84,1% dos professores da rede privada dizem estar satisfeitos,contra 47,3% da rede pública. A professora MargareteLopes vive as duas realidades. Ela dá aula deartes visuais em uma escola pública de Taguatinga –cidade do Distrito do Federal, distante 20 quilômetros de Brasília – e em um colégio particular da cidade. Projetores, DVD,televisão e internet são alguns dos recursos que eladispõe para dinamizar o ensino na instituição privada.“Os recursos digitaisinfluenciam muito no processo de aprendizado, porque hoje, em qualquernível social, o estudante tem acesso a essas tecnologias. Sea escola também oferece esses meios, o resultado é maispositivo, atrai o aluno”, avalia a professora. Na escola deTaguatinga, os recursos são mais limitados. “A gente temprojetor, TV, laboratório de informática, mas éum aparelho e eu não sou a única querendo usar”,explica. Além da questãoestrutural, Margarete acredita que para melhorar a qualidade doensino nas escolas públicas é preciso que toda asociedade se comprometa com a causa, além da vontade do governo. “A escola pública pode melhorar bastante apartir do momento em que as políticas educacionais sejamverdadeiramente compromissadas”, acredita.