Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), o economista Paulo Rabello de Castro, afirmou hoje (15) que Brasil deve mudar a enfase da política monetária para a política fiscal, sem abandonar a preocupação com o fortalecimento da moeda, mas sim fazer com que o sistema monetário seja mais neutro. O Banco Central precisa colocar gradualmente os juros em um patamar equilibrado, para tornar o câmbio competitivo. “Em compensação temos que caprichar em uma política fiscal que vise a maior produtividade do setor público, enfase nos investimentos e a contenção dos gastos correntes”, disse o economista. Paulo Rabello de Castro disse que a crise atual é uma oportunidade para o crescimento do Brasil já que o país vinha caminhando no sentindo e seguia controles internos que podem ser uma imunidade razoável à crise. “Isso não quer dizer que não vamos ter as consequências sobre o setor sobre o setor exportador”, disse. Segundo ele, o governo precisa reforçar a sua atuação junto as principais empresas exportadoras oferecendo apoios financeiros para estimular as exportações e mesmo junto ao sistema bancário para aumentar o crédito.O economista afirmou ainda que é preciso cautela com o agronegócio, em especial com o plantio na próxima safra, que precisa de amparo para evitar resultados negativos. “O Brasil está bem, mas só vai ganhar esse jogo se conseguir tirar um conjunto de cartas melhores, para sair da crise ainda mais fortalecido”. Ele evitou fazer previsões sobre a taxa de crescimento do Brasil para 2009, mas disse acreditar que 3% seria um número razoável. “Mas para isso é preciso apoiar o setor exportador, fortalecer a moeda nacional e não deixar o câmbio voltar a patamares descontrolados”.Para o chefe do departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, as perspectivas de crescimento do Brasil são boas porque o país tem fundamentos econômicos bastante sólidos. “Apesar de o crédito no Brasil estar ficando mais curto e mais caro, acho que estamos investindo bastante. A taxa de investimento vai cair um pouco no ano que vem, mas o Brasil está em uma situação bem melhor do que estava anos atrás”, disse ele.Carlos Thadeu de Freitas enfatizou que a disparada do dólar ocorreu mais por questões de operacionalidade do que de fundamentos econômicos, devido ao fato de que o mercado está vendido em dólares e precisou “correr atrás do prejuízo”, mas agora deve volta a patamares normais. “Eu acho que possivelmente continua nesse patamar por mais algum tempo, a não ser que a situação internacional piore. Aí o dólar pode voltar a subir de novo e nesse caso o Banco Central provavelmente não vai baixar os juros tão cedo”. O economista disse acreditar que o Brasil já está saindo bem da crise à medida em que está sendo menos afetado do que outros países. Thadeu de Freitas disse que os financiamentos para a casa própria já estão sendo afetados com taxas de juros mais altas e os prazos mais curtos. Para ele o quadro não deve sofrer grandes alterações uma vez que o Banco Central deve ser mais cauteloso durante a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), já que não se sabe qual o efeito da redução do crédito sobre o consumo . “O certo seria esperar um pouco mais. Se o dólar continuar subindo é inevitável que suba a taxa de juros, mas se continuar no mesmo patamar é provável que se dê uma trégua”, disse Thadeu de Freitas.