Conflito entre construtora brasileira e Equador não é diplomático, diz professor

15/10/2008 - 14h52

Da Agência Brasil

Brasília - O conflito entre a construtora brasileira Odebrecht e ogoverno equatoriano não é diplomático. A avaliação é do professor de história erelações internacionais da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) LuisFernando Ayerbe que ressalta que os problemas dizem respeito apenas à empresa e ao governo. Somados, quatro dos cinco contratos com a Construtora NorbertoOdebrecht que foram suspensos pelo governo do Equador no decretoassinado na última quinta-feira (9) e divulgado pelo presidente RafaelCorrea na segunda (13) chegam ao montante de US$ 712.658.042,98.Em entrevista hoje (15) ao programa Revista Brasil, daRádio Nacional, o professor afirmou também que os problemas na América do Sulenvolvendo Venezuela, Bolívia e Equador estão relacionados apenas com anova política desses países em considerar os recursos naturais propriedades doEstado.Segundo Ayerbe, essa nova postura levou os países arepensarem os contratos anteriormente estabelecidos com as empresasestrangeiras. “As próprias empresas são livres para decidir se as novascondições são adequadas e se elas permitem uma lucratividade que justifiquepermanecer no país.”O professor acredita que o Brasil não é considerado um paísinimigo já que esteve presente na solução das graves crises pelas quaispassaram, principalmente, a Bolívia e o Equador.Ayerbe, entretanto, não descarta a possibilidade de a relaçãodo Brasil com o Equador ficar estremecida. "Aforma escolhida pelo governo equatoriano para lidar com a questão envolvendo aOdebrecht pode levar o Brasil a adotar uma postura mais incisiva”, argumentou.Para o professor, o Brasil pode tomar uma série de medidascontra o governo equatoriano como diminuir as relações comercias e retirar osinvestimentos da Petrobras do país. Por outrolado, como a maioria das empresas renegociaram o contrato e optaram porpermanecer na Bolívia, ele acredita que não haverá uma ruptura das relações diplomáticas. “OBrasil deve avaliar até que ponto é interessante compatibilizar interesses emnome do Mercosul e do seu papel como uma potência regional.”