Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mesmo sem qualquerexposição a ativos podres do mercado imobiliárionorte-americano, os bancos brasileiros perderam valor em razãodo reflexo da crise de confiança que se espalhou por todos osmercados financeiros mundiais. E o maior prejuízo foi do Bancodo Brasil, que do dia 30 de setembro para cá perdeu R$ 22bilhões do seu valor, embora seja o banco nacional com osmelhores fundamentos.A afirmaçãofoi feita pelo gerente de Relações com Investidores doBB, Marco Geovanne Tobias, em teleconferência hoje (15) cominvestidores e analistas de mercado. Ele não especificouperdas dos demais bancos e ressalvou que “não hásinais de que a crise deteriore a qualidade do crédito nopaís”, particularmente no BB que, segundo ele, tem umacarteira de crédito “distribuída de formaequilibrada”.A teleconferênciafoi aberta pelo vice-presidente de Finanças e Mercado deCapitais do BB, Aldo Luiz Mendes, para quem o agravamento da criseexterna abalou os setores financeiro e de câmbio. Ele entendeque o governo e o Banco Central atuaram prontamente para minimizar osefeitos da crise financeira na economia real.Mendes disse que “omercado passa por momento delicado” e destacou que a escassez delinhas internacionais de crédito exige criatividade. Eleacrescentou que “tempos de crise favorecem instituiçõesde reconhecida liquidez, como o Banco do Brasil, que tem captaçãosuficiente para financiar a expansão de nossa carteira decrédito”.Números do BBmostram que a carteira de crédito somava R$ 193,3 bilhõesem agosto e deve ter fechado setembro próximo a R$ 200bilhões, de acordo com Geovanne Tobias. Números que vãomelhorar ainda mais, segundo ele, porque o alívio gradativo decerca de R$ 160 bilhões no compulsório bancáriovai proporcionar reforço de R$ 11,4 bilhões ao BB.O gerente de Relaçõescom Investidores disse que a liberação do compulsório(parte dos depósitos que os bancos têm que recolher aoBC) aumentará a liquidez do sistema financeiro como um todo.Acrescentou que o BB deve usar o reforço de caixa paraalavancar ainda mais seus empréstimos a pessoas físicase à aquisição de carteiras de crédito deoutros bancos.Essa é umaprática que o BB utiliza normalmente, segundo ele. Tanto quenos últimos 18 meses o banco investiu R$ 1,5 bilhão naaquisição de carteiras de crédito de bancospequenos e tem outras propostas em análise, no valor total deR$ 3 bilhões. Ele ressaltou que operações dessetipo nem sempre são imediatas: “As decisões deaquisição são tomadas dentro da boa práticabancária, levando em consideração a equaçãorisco versus retorno”.