Nova base de submarinos será na Baía de Sepetiba, confirma comandante da Marinha

26/09/2008 - 20h24

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio - O estaleiro e a nova base de submarinos brasileiros,incluindo o de propulsão nuclear, serão localizados na Baía de Sepetiba, em Itaguaí (RJ), com oinício das obras previsto para o próximo ano. A informação foi divulgada hoje(26) pelo comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Júlio Soares de MouraNeto, durante a cerimônia de criação da Coordenadoria-Geral do Programa deDesenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Cogesn), que ficará sobresponsabilidade do almirante reformado José Alberto Accioly Fragelli.“A área que nós queremos é a Baía de Sepetiba. Por váriosmotivos: perto dos pólos industriais do Rio e São Paulo já existe uma culturanuclear com Angra I e II, além de ter facilidades como o porto de Itaguaí”,revelou Moura Neto.Segundo o comandante, ali serão construídos quatrosubmarinos convencionais, movidos a óleo diesel, e o primeiro submarino depropulsão nuclear. O primeiro convencional deve ficar pronto em 2014 e osdemais, a cada dois anos, a um custo unitário de US$ 600 milhões. Já o nuclear estáprevisto para entrar em operação em 2020, a um valor estimado em cerca de US$1,5 bilhão. Todos terão tecnologia francesa.“O programa envolve, inicialmente, a construção de quatrosubmarinos de propulsão convencional e deles é que vai evoluir o casco e osequipamentos que nós vamos usar no submarino de propulsão nuclear”, explicou. Aconstrução das embarcações vai gerar 600 empregos diretos, fora os indiretos,com as outras empresas envolvidas no projeto, conforme Moura Neto.A Marinha tem uma base de treinamento dos Fuzileiros Navais na Ilha da Marambaia, na Baía de Sepetiba, que é reivindicada por moradores locais como área quilombola. Mas, segundo o oficial, a situação está sendo contornada, juntamente com a Secretaria Especial da Integração Racial. A base de submarinos será construída no continente, em área da união a ser definida.Para o comandante, o Brasil tem que estar preparado paradefender seus interesses estratégicos, principalmente depois da descoberta deimensas jazidas de petróleo sob a camada de pré-sal.“A Marinha tem que ter capacidade de tomar conta de nossaságuas jurisdicionais, que chamamos de Amazônia Azul. Então precisamos ter meiospara isso. Na medida em que vamos descobrindo mais campos petrolíferos, aumentamais ainda essa necessidade da Marinha estar presente junto a essas grandesriquezas”, afirmou.A construção do submarino nuclear vai ser possível graças aodesenvolvimento de um reator pela Marinha e a um acordo que será assinado emdezembro com a França, durante a visita do presidente francês Nicolas Sarcozy.“Isto está nascendo de um acordo estratégico entre Brasil eFrança, que será uma parceira na colaboração do projeto do submarino depropulsão nuclear. A parte nuclear ficará a cargo do Brasil, porque nenhum paíscede tecnologia nuclear para outro. A França vai nos ajudar na preparaçãodo casco e na colocação dos equipamentos”, explicou Moura Neto.O comandante da Marinha ressaltou que o submarino nuclearbrasileiro será utilizado na política de dissuasão, levando torpedos e mísseispara atingir outros navios, mas não terá capacidade de lançar mísseisbalísticos, capazes de atingir outros países.O Brasil conta hoje com cinco submarinos de tecnologiaalemã, sendo que quatro deles foram construídos no Arsenal de Marinha, no Rio.Se não houver corte no orçamento do programa, dentro de 12 anos o país contarácom uma frota de nove submarinos convencionais e um nuclear.A principal vantagem de um submarino nuclear é que ele podeficar meses submerso. Já o convencional precisasubir à superfície para acionar o motor à óleo diesel, responsável por carregarsuas baterias. Quando isso acontece, ele se torna vulnerável às forçasinimigas.