Karina Cardoso
Enviada Especial
Macapá (AP) - Banhada pelo Amazonas, o rio com maior volume de água do mundo, Macapá não aproveita esse potencial. Quatrode cada dez pessoas não têm acesso à água potável, segundo aCompanhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa). Dificuldade que permanece na questão do saneamento básico: apenas quatro de cada cempessoas têm acesso à rede de esgoto na capital do Amapá.Na cidade, muitos bairros surgiram por meio deocupações. Parte deles estão localizados ao longo do Rio Amazonas. Emalgumas áreas periféricas, é possível ver grande quantidade depalafitas, casas improvisadas em cima dos mananciais. Opesquisador e professor universitário em Direito Tributário eAmbiental, Paulo Mendes, lembrou que essa condição causa danos ao meioambiente."É prejudicial ambientalmente, pois são áreas queforam aterradas para a ocupação humana. Não há esgoto, não hátratamento sanitário. São áreas em que o poder público não aparece, ouaparece muito pouco. E a população, sem informação e sem o apoio doEstado, acaba praticando ações que vão danificar o meio ambiente", disse o professor.Para o taxista Paulo Ronaldo Amorim, que nasceu emMacapá há 33 anos, o problema da cidade está na falta deinfra-estrutura. "Não temos uma infra-estrutura para suportar toda essapopulação que está vindo de fora. As pessoas estão construindo suascasas dentro dos mananciais, nos lagos. E infelizmente as autoridadescompetentes nada têm feitos para melhorar significativamente essainfra-estrutura."Como ocorre na maioria das cidades brasileiras, apopulação de Macapá reclama da deficiência na área da saúde. Na capitalamapaense, apenas um pronto-socorro funciona 24 horas para atender apopulação de 344 mil pessoas. Os postos de saúde localizados em grandeparte dos bairros nem sempre estão em funcionamento.Enquanto aguarda o atendimento médico, ValdileneAlbuquerque da Silva, grávida de cinco meses, reclamou da saúde pública."É um posto pra sete ou oito bairros. Se a gente precisar de um socorrorápido a gente tem que ir para o único pronto-socorro daqui. São pucosprofissionais, como é que vão dar conta? A nossa saúde é a coisa melhorque a gente tem. Quem tem saúde corre atrás do resto", disse.Os sete candidatos à prefeitura de Macapá prometeminvestimentos na saúde, com a criação de hospitais e contratação denovos médicos. Melhorias na educação também fazem parte das principaispropostas dos políticos.De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os candidatros registrados são Roberto Góes (PDT), Camilo Capiberibe (PSB), Fátima Lúcia Pelaes (PMDB, Joiville Dantas Frota (PSTU), Luiz (Lucas) Cantuária Barreto (PTB), Maria Dalva (Professora Dalva) de Souza Figueiredo (PT) e Moises Reategui de Souza (PSC).Para o primeiro secretário do Conselho dasComunidades Afrodescendentes, Adenor Souza, o futuro prefeito precisadar mais atenção às políticas públicas voltadas para as populaçõesquilombolas e indígenas, que vivem nas zonas rural e urbana de Macapá."Essas políticas públicas nunca chegam às nossascomunidades. Nós vemos aqui que não só as nossas comunidadesquilombolas, mas também aos nossos irmãos índios são ignorados. A gente vê muitapropaganda, mas não vê nada acontecer", disse Souza.O clima das eleições no município é de tranqüilidade.No próximo dia 5 de outubro, mais de 219 mil pessoas vão votar em 115diferentes locais na capital amapaense.